Polícia investiga naufrágio na Itália como homicídio culposo
Investigação apura se capitão e a tripulação tomaram todas as medidas de segurança necessárias para evitar naufrágio na Itália
atualizado
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A polícia italiana investiga uma possível acusação de homicídio culposo – quando não há intenção de matar ou se assume o risco de causar uma morte – no caso de naufrágio do superiate Bayesian no porto de Porticello, em Palermo, na última segunda-feira (19/8).
A região foi atingida por uma forte tempestade na data, porém para os promotores italianos que investigam o incidente, o foco será se o capitão e a tripulação tomaram todas as medidas de segurança necessárias para evitar a tragédia.
No total, sete pessoas moreram, entre elas, o bilionário Mike Lynch e sua filha, Hannah Lynch.
Os socorristas, que atuam nas buscas pelas vítimas do naufrágio, trabalhavam com a suposição de que o barco afundou rapidamente – em cerca de 60 segundos – após ser atingido por uma tromba d’água de tornado.
Entretanto, outras embarcações menores que estavam próximas do superiate não afundaram, o que de acordo com a polícia, é um dos indicativos de que o acidente não é resultado apenas do clima na região.
Fontes denunciam falhas que causaram naufrágio
De acordo com o jornal italiano La Repubblica, alguns mergulhadores que realizaram inspeções no barco relataram que a escoltilha estava aberta, o que não foi confirmado pelas autorizades locais.
Se isso for verdade, uma grande quantidade de água poderia ter entrado pela abertura e desestabilizado a embarcação.
Outras fontas ainda teriam afirmado à mídia italiana que a quilha móvel do barco – responsável por fortalecer a estrutura do casco – estava parcialmente levantada.
De acordo com dados do estaleiro Perini Navi, que construiu o Bayesian, a embarcação é equipada com um sistema capaz de abaixar a quilha a uma profundidade de até 10 metros.
Maior parte da tripulação sobreviveu
Os investigadores ainda tentam identificar por que a maior parte da tripulação sobreviveu enquanto seis hóspedes e o chef morreram. Na terça-feira (20/8), o capitão do iate passou mais de duas horas em depoimento.
Em entrevista ao The Guardian, a especialista em direito de transporte e turismo do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade de Palermo, Nicola Romana, afirmou que, em acidentes marítimos, “quase sempre há um erro humano na raiz” e que a tripulação de um navio do tamanho do superiate “deveria estar preparada para qualquer coisa.”
Gabriele Bruni, velejador que treinou a equipe olímpica italiana, ainda disse ao jornal que os capitães e a tripulação de uma embarcação como a Bayesiana não são escolhidos aleatoriamente. “Estamos falando dos melhores profissionais do mundo. Se houver uma tempestade, o capitão deve primeiro chamar a tripulação para tentar endireitar a embarcação e tomar todas as medidas necessárias para evitar um naufrágio”, explicou Bruni.
“Estou incrédulo sobre o que aconteceu com um iate como este”, ele acrescentou. “Se tivessem me perguntado naquela noite, em um dia tempestuoso, em qual veleiro do mundo eu gostaria de estar, eu teria escolhido o Bayesian.”