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Foi divulgado nesta segunda-feira (22/4) um relatório independente que investigou a alegação de Israel sobre um eventual envolvimento “um número significativo” de funcionários da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, com organizações terroristas.
O documento, liderado pela ex-ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, afirma que “Israel não forneceu provas” das acusações.
Garantia da imparcialidade
Em suas 54 páginas, a “Revisão independente de mecanismos e procedimentos para garantir a adesão da Unrwa ao princípio humanitário de neutralidade”, concluiu que a agência dispõe de diversas ferramentas para garantir que permanece imparcial no seu trabalho.
O texto explica que a Unrwa fornece rotineiramente a Israel listas de funcionários e afirma que desde 2011 “o governo israelense não informou a Unrwa de quaisquer preocupações” relativas a nenhum funcionário indicado.
Falando a jornalistas em Genebra, Colonna disse que “o conjunto de regras e os mecanismos e procedimentos em vigor são os mais elaborados dentro do sistema da ONU”, justamente por ser um ambiente tão “complexo e sensível”.
De acordo com a representante, “o que precisa ser melhorado será melhorado”. A ex-ministra disse acreditar que a implementação das medidas presentes no relatório “ajudarão a Unrwa a cumprir o seu mandato”.
Principais recomendações
O relatório foi produzido com base em mais de 200 entrevistas, reuniões com autoridades israelenses e palestinas e contatos diretos com 47 países e organizações. O texto final inclui um conjunto de 50 recomendações sobre questões que vão desde a educação até novos processos de verificação para recrutamento de pessoal.
Dentre as sugestões estão a criação de uma unidade centralizada de investigações de neutralidade, a implementação de um Código de Ética atualizado e ações de formação direcionadas a todo o pessoal.
Em uma declaração divulgada também na segunda-feira, o porta-voz da ONU disse que o secretário-geral acolhe as recomendações contidas no relatório produzido por Catherine Colonna.
Impacto do corte de financiamento
De acordo com o documento, as alegações de Israel contra a Unrwa desencadearam a suspensão do financiamento no valor de cerca de US$ 450 milhões.
Este corte causou um impacto direto, prejudicando rapidamente a capacidade da Unrwa de continuar o seu trabalho. Operando exclusivamente com base em doações voluntárias, a agência viu grandes doadores, incluindo os Estados Unidos, cancelarem ou suspenderem fundos.
Em abril, os Estados Unidos proibiram o financiamento da Unrwa até pelo menos 2025, mas outros doadores prometeram financiamento adicional ou restauraram as suas doações.
O novo relatório recomendou aumentar a frequência e reforçar a transparência da comunicação da Unrwa com os doadores sobre a situação financeira e sobre alegações de violações de neutralidade.
Neutralidade na educação
O grupo de avaliação disse que a Unrwa “tem trabalhado consistentemente para garantir a neutralidade na educação”, uma vez que oferece ensino primário e preparatório a 500 mil alunos em 706 escolas, com 20 mil profissionais da educação.
Em Gaza, neste momento todas as crianças estão fora da escola após os ataques que destruíram o sistema educacional do enclave.
O relatório afirma que “na ausência de uma solução política entre Israel e os palestinos, a Unrwa continua a ser fundamental no fornecimento de ajuda humanitária vital e de serviços sociais essenciais, particularmente na saúde e na educação, aos refugiados palestinos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria e Cisjordânia”.
O grupo independente avalia que a agência é “insubstituível e indispensável para o desenvolvimento humano e econômico dos palestinos”.
Criada pela Assembleia Geral em 1949, a Unrwa emprega 30 mil pessoas e atende 5,9 milhões de refugiados palestinos.
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