Na Ucrânia, pessoas lutam por comida e derretem neve para ter água
Região portuária está sitiada e sob fortes bombardeios há nove dias. Segundo a Cruz Vermelha, pessoas estão brigando por comida
atualizado
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Há nove dias sob fortes bombardeios russos, a cidade ucraniana Mariupol está vivendo dias de drama. Segundo a BBC, citando o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), muitas pessoas na cidade portuária ficaram sem comida para seus filhos.
Na cidade sitiada, onde mais de 400 mil pessoas seguem cercadas pelas forças russas, há relatos de falta de água e de ausência aquecimento. A temperatura nos últimos dias tem oscilado entre 3ºC e -6ºC.
A Cruz Vermelha diz ainda que as pessoas estão brigando entre si por comida e roubando combustível dos carros de outros. Todas as lojas e farmácias foram saqueadas e não há abastecimento de gás.
Há relatos de uso da neve para beber água e tentativas de cozinhar em fogueiras ao ar livre, em meio a bombardeios contínuos.
Localizada no leste da Ucrânia, Mariupol é um alvo estratégico importante para a Rússia. Há ali rebeldes apoiados pela Rússia que podem unir forças com tropas russas na Crimeia, península anexada pela Rússia em 2014.
A cidade tem um cenário de destruição: prédios de apartamentos e áreas residenciais estão em destroços. Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, disse que a situação em Mariupol era a mais difícil do país.
Mortes
Na quarta-feira (9/3), três pessoas (dois adultos e uma menina) foram mortas em Mariupol e 17 ficaram feridas em um ataque devastador que destruiu uma maternidade e uma ala infantil de um hospital.
As autoridades municipais começaram a enterrar corpos que estavam nas ruas, disse o vice-prefeito Serhiy Orlov à BBC na quinta-feira (10/3).
Autoridades da cidade estimam que 1,3 mil civis foram mortos até agora, disse Orlov. “Por causa do grande número e do bombardeio contínuo, eles estão sendo colocados em valas comuns”, afirmou.
Nesta sexta-feira (11/3) é empreendida uma nova tentativa de evacuação para os moradores de Mariupol. Essas tentativas não tiveram sucesso nos últimos cinco dias depois que as forças russas voltaram a bombardear a cidade, apesar dos acordos de cessar-fogo.
Os invasores russos propõem corredores de retirada de civis apenas para a própria Rússia.