Na ONU, Ucrânia acusa a Rússia de aumentar bombardeios: “Risco global”
Chanceler ucraniano foi enfático ao cobrar ações concretas da ONU contra os russos, se referindo às sanções econômicas já impostas
atualizado
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O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba (foto em destaque), usou a abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para cobrar respostas mais contundentes contra a Rússia e fez um alerta de “risco global”, caso uma guerra seja desencadeada no leste europeu.
A reunião desta quarta-feira (23/2) estava agendada. Contudo, a crise entre a Rússia e a Ucrânia centralizou as atenções dos discursos pelo temor de uma guerra.
Kuleba foi enfático ao cobrar ações concretas da ONU contra os russos, se referindo às sanções econômicas já impostas por países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Austrália e Japão.
“O cenário bastante sombrio. A Rússia não vai parar na Ucrânia. O que ele tenta fazer agora é provar que a ONU é fraca e não é capaz de defender seus princípios”, frisou.
O chanceler ressaltou. “Temos um tempo limitado para impedi-la. Toda hora sem ação ela ameaça ainda mais a vida dos ucranianos. É uma ameaça, um risco global. Precisamos de ações concreta antes que cheguemos uma confronto sangrento. A Ucrânia não quer isso, o mundo não quer isso”, resumiu.
Respostas militares
Apesar de investir nas negociações pacíficas e diplomáticas, Dmytro admitiu que a Ucrânia está preparada para responder com ações militares caso a Rússia invada o território ucraniano.
“A Rússia deve retirar seus militares de territórios ucranianos e deve parar de desestabilizar o país. Queremos a paz. Estamos prontos para responder aos ataques da Rússia. Estamos prontos para todos os cenários possíveis”, salientou.
Segundo o chanceler, a Ucrânia defende a “segurança global, a liberdade e a democracia”. “A vida pacífica e a vida de milhões de pessoas estão no alvo das regras que a Rússia tenta destruir”, afirmou se referindo aos tratados internacionais de direitos humanos e soberania de territórios.
“A Rússia aumentou os bombardeios [nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk]. A artilharia atingiu um jardim de infância e uma escola”, comentou, sem detalhar o caso.
ONU faz apelo
O secretário-geral da entidade, António Guterres, subiu o tom e cobrou “negociações pacíficas” e respeito às leis internacionais de direitos humanos e soberania.
“Precisamos preservar a pacificação”, iniciou Guterres. Ele prosseguiu: “Precisamos pensar no povo da Ucrânia para se evitar uma guerra. Pedimos que os princípios da ONU sejam obedecidos para garantir que as pessoas tenha suas vidas preservadas. Em conflitos, mulheres e crianças sofrem mais”, frisou.
Repercussão
Nesta quarta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu que o parlamento ucraniano aprove um decreto de estado de emergência válido por 30 dias. O governo passou a permitir que civis portem armas. É mais uma medida diante da tensão geopolítica no leste europeu.
Zelensky alertou que os riscos de um conflito entre a Rússia e a Ucrânia ameaçam toda a Europa. O presidente ucraniano quer mais sanções contra os russos e pediu armas aos países do Ocidente.
Após o término da audiência geral no Vaticano, o papa Francisco fez um apelo por paz ao comentar a crise geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia.
“Tenho uma grande tristeza em meu coração com o agravamento da situação na Ucrânia. Apesar dos esforços diplomáticos das últimas semanas, cenários cada vez mais alarmantes estão se abrindo”, frisou.
O presidente russo, Vladmir Putin, prometeu “respostas” às sanções econômicas impostas pela comunidade internacional.
Em pronunciamento no Kremlin, sede do governo russo, Putin voltou a afirmar que está disposto a negociar uma solução diplomática para a crise geopolítica, desde que sejam respeitados os “interesses e a segurança russos”, que são “inegociáveis”.
A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, criticou a postura dos Estados Unidos na crise geopolítica do leste europeu. Para a diplomata, as sanções americanas colocam “lenha na fogueira” e a postura americana não tem colaborado para a resolução do conflito.
“Os Estados Unidos não deixaram de vender armas para a Ucrânia, aumentando a tensão e criando pânico”, salientou.