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Na ONU, Ucrânia acusa a Rússia de aumentar bombardeios: “Risco global”

Chanceler ucraniano foi enfático ao cobrar ações concretas da ONU contra os russos, se referindo às sanções econômicas já impostas

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O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, levanta as mãos em gesto e sorri. Ele está frente a um computador, em sala decorada, sob bandeiras da Ucrânia e União Europeia - Metrópoles
1 de 1 O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, levanta as mãos em gesto e sorri. Ele está frente a um computador, em sala decorada, sob bandeiras da Ucrânia e União Europeia - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram

O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba (foto em destaque), usou a abertura da assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para cobrar respostas mais contundentes contra a Rússia e fez um alerta de “risco global”, caso uma guerra seja desencadeada no leste europeu.

A reunião desta quarta-feira (23/2) estava agendada. Contudo, a crise entre a Rússia e a Ucrânia centralizou as atenções dos discursos pelo temor de uma guerra.

Kuleba foi enfático ao cobrar ações concretas da ONU contra os russos, se referindo às sanções econômicas já impostas por países como Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Austrália e Japão.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que pode desencadear um conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível guerra

Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Em meio à troca de acusações, os Estados Unidos dizem que há uma ameaça "iminente" de Moscou a Kiev e enviaram mais de 8 mil soldados para a Europa Oriental

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Putin reconheceu oficialmente a independência de duas regiões da Ucrânia controladas por separatistas pró-Rússia. Poucas horas depois, anunciou o envio de soldados para Donetsk e Luhansk, com a suposta missão de pacificar a área

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Como resposta, a União Europeia e os Estados Unidos proibiram transações econômicas com bancos e entidades que financiam o aparato militar da Rússia. As medidas atingem políticos russos, bancos, o setor de defesa e de mercados de capitais

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O Ministério das Relações Exteriores russo informou que evacuou os últimos diplomatas em serviço no país vizinho. Para a chancelaria de Putin, os diplomatas russos correm risco de sofrer violência

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Sob risco de invasão, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pediu mais armas aos países do Ocidente. Ele defendeu que essa seria uma forma de resistir contra a Rússia

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“O cenário bastante sombrio. A Rússia não vai parar na Ucrânia. O que ele tenta fazer agora é provar que a ONU é fraca e não é capaz de defender seus princípios”, frisou.

O chanceler ressaltou. “Temos um tempo limitado para impedi-la. Toda hora sem ação ela ameaça ainda mais a vida dos ucranianos. É uma ameaça, um risco global. Precisamos de ações concreta antes que cheguemos uma confronto sangrento. A Ucrânia não quer isso, o mundo não quer isso”, resumiu.

Respostas militares

Apesar de investir nas negociações pacíficas e diplomáticas, Dmytro admitiu que a Ucrânia está preparada para responder com ações militares caso a Rússia invada o território ucraniano.

“A Rússia deve retirar seus militares de territórios ucranianos e deve parar de desestabilizar o país. Queremos a paz. Estamos prontos para responder aos ataques da Rússia. Estamos prontos para todos os cenários possíveis”, salientou.

Segundo o chanceler, a Ucrânia defende a “segurança global, a liberdade e a democracia”.  “A  vida pacífica e a vida de milhões de pessoas estão no alvo das regras que a Rússia tenta destruir”, afirmou se referindo aos tratados internacionais de direitos humanos e soberania de territórios.

“A Rússia aumentou os bombardeios [nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk]. A artilharia atingiu um jardim de infância e uma escola”, comentou, sem detalhar o caso.

ONU faz apelo

O secretário-geral da entidade, António Guterres, subiu o tom e cobrou “negociações pacíficas” e respeito às leis internacionais de direitos humanos e soberania.

“Precisamos preservar a pacificação”, iniciou Guterres. Ele prosseguiu: “Precisamos pensar no povo da Ucrânia para se evitar uma guerra. Pedimos que os princípios da ONU sejam obedecidos para garantir que as pessoas tenha suas vidas preservadas. Em conflitos, mulheres e crianças sofrem mais”, frisou.

Repercussão

Nesta quarta-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu que o parlamento ucraniano aprove um decreto de estado de emergência válido por 30 dias. O governo passou a permitir que civis portem armas. É mais uma medida diante da tensão geopolítica no leste europeu.

Zelensky alertou que os riscos de um conflito entre a Rússia e a Ucrânia ameaçam toda a Europa. O presidente ucraniano quer mais sanções contra os russos e pediu armas aos países do Ocidente.

Após o término da audiência geral no Vaticano, o papa Francisco fez um apelo por paz ao comentar a crise geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia.

“Tenho uma grande tristeza em meu coração com o agravamento da situação na Ucrânia. Apesar dos esforços diplomáticos das últimas semanas, cenários cada vez mais alarmantes estão se abrindo”, frisou.

O presidente russo, Vladmir Putin, prometeu “respostas” às sanções econômicas impostas pela comunidade internacional.

Em pronunciamento no Kremlin, sede do governo russo, Putin voltou a afirmar que está disposto a negociar uma solução diplomática para a crise geopolítica, desde que sejam respeitados os “interesses e a segurança russos”, que são “inegociáveis”.

A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, criticou a postura dos Estados Unidos na crise geopolítica do leste europeu. Para a diplomata, as sanções americanas colocam “lenha na fogueira” e a postura americana não tem colaborado para a resolução do conflito.

“Os Estados Unidos não deixaram de vender armas para a Ucrânia, aumentando a tensão e criando pânico”, salientou.

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