Músico que recebeu milagre de Irmã Dulce: “Pernas estão tremendo”
Cego por 14 anos, José Maurício Bragança Moreira voltou a enxergar após colocar imagem de Irmã Dulce sobre os olhos
atualizado
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Entre 2000 e 2014, o maestro baiano, radicado no Recife, José Maurício Bragança Moreira, 51 anos, estava cego. Um glaucoma em estágio avançado havia lhe tirado a visão. A fé em Irmã Dulce, canonizada neste domingo (13/10/2019) como Santa Dulce dos Pobres, mudou o rumo dessa história.
Ele esteve na celebração da primeira santa brasileira. “Minhas pernas estão tremendo até agora”, disse à TV Globo após a cerimônia. O artista cumprimentou o Papa Francisco e carregou um dos vasos sagrados durante a missa de canonização ( foto em destaque). Hoje, o maestro ainda tem glaucoma, mas enxerga normalmente.
José Maurício parou de enxergar aos 31 anos. Em 2014, 14 anos depois de ficar cego, o artista sentia dores devido uma conjuntivite. A inflação fazia com que perdesse o sono. Em uma dessas noites, ele pegou a imagem de Irmã Dulce, colocou sobre os olhos e pediu que ela lhe trouxesse o alívio.
O homem dormiu e quatro horas depois acordou sem dores. Mas não foi só. Ao se mover na cama, percebeu que enxergava o vulto de suas mãos de aproximando do rosto.
Surpreso, José Maurício ligou para a esposa. Quando a mulher chegou, ele a viu pela primeira vez. O milagre é um dos argumentos que fundamentam a canonização de Dulce. Além desse, uma mulher de 50 anos se salvou de um intensa hemorragia após orações para Santa Dulce em 2011.
O primeiro encontro de Irmã Dulce e José Maurício ocorreu quando ele tinha 16 anos. Ainda rapaz, ele enfrentou uma fila para pegar um autógrafo da religiosa.
Ao se aproximar dela, lembrou-a que seu avô, dono do armarinho Bragança na Rua Chile, era seu apoiador e doador. Nessa hora, ela lhe deu um afago com o olhar e beijou sua mão direita.
Primeira santa brasileira
Uma multidão acompanhou neste domingo a canonização de cinco beatos na Praça São Pedro, no Vaticano. Entre eles, Irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil. A cerimônia comandada pelo papa Francisco começou por volta das 5h (horário de Brasília).
Pelo menos 15 mil peregrinos brasileiros viajaram ao Vaticano para assistir à cerimônia. Além de Irmã Dulce (1914-1992), foram oficializados santos o teólogo e cardeal inglês John Henry Newman (1801-1890); a religiosa italiana Giuditta Vannini (1859-1911); a religiosa indiana Maria Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926); e a catequista e costureira suíça Margherita Bays (1815-1879).
“Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com autoridade de nosso senhor Jesus Cristo, os santos apóstolos Pedro e Paulo, depois de haver refletido longamente, ter invocado a ajuda divina e escutado o parecer de muitos irmãos do espiscopado, declaramos e definimos santos os beatos: John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Mariam Thresia Chiramel, Dulce Lopes Pontes e Marguerite Bauys”, declarou o papa, em latim.
Anjo Bom da Bahia
Irmã Dulce teve uma vida marcada por trabalhos assistenciais feitos em comunidades carentes de Salvador (BA). O Anjo Bom da Bahia realizou diversos milagres, segundo testemunhas.
Maria Rita Lopes Pontes nasceu em 1914, em Salvador. Filha de pais ricos, a jovem sempre teve a vocação de ajudar os mais pobres, segundo relatos de pessoas que conviveram com ela.
Aos 13 anos, a jovem Maria Rita passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a residência da família. Em 1933, após se formar como professora primária, então com 19 anos, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe.