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“Mulheres serão obrigadas a ter filhos de estupradores”, critica Biden

Presidente reagiu visivelmente incomodado à decisão da Suprema Corte de derrubar o dispositivo que garantia direito ao aborto legal

atualizado

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Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala em evento realizado na Casa Branca - Metrópoles
1 de 1 Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fala em evento realizado na Casa Branca - Metrópoles - Foto: Alex Wong/Getty Images

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reagiu com dureza à decisão da Suprema Corte de derrubar o dispositivo que garantia o direito ao aborto legal em todo o país.

“Mulheres serão obrigadas a ter filhos de estupradores”, declarou, no meio do discurso. E emendou: “A Justiça ou políticos não podem interferir na decisão entre uma mulher e um médico”.

Nesta sexta-feira (24/6), Biden defendeu a aprovação de uma lei federal para garantir esse direito, convocou protestos pacíficos e pediu que os eleitores norte-americanos escolham políticos pró-aborto no pleito de novembro.

“Aqueles que são contra essa decisão, mantenham os protestos de forma pacífica, sem confronto. Estamos frustrados com o direito que foi retirado. Vamos falar sobre isso nas próximas semanas”, frisou.

Segundo o presidente norte-americano, “é muito perigoso esse caminho que a Corte nos levou a tomar hoje.”

A reação ocorre após a derrubada de uma lei federal que garantia o direito das mulheres a abortarem legalmente no país. A medida estava em vigor há 49 anos e foi suspensa nesta sexta-feira. A anulação teve 6 votos a favor e 3 contra.

A mudança não proíbe o aborto no país, mas abre espaço para que cada um dos 50 estados adote vetos locais.

A Corte considerou como válida uma lei criada no estado do Mississipi, de 2018, que veta a interrupção da gravidez após a 15ª semana de gestação, mesmo em casos de estupro. Os juízes usaram este caso como oportunidade para derrubar a decisão, de 1973, conhecida como Roe vs. Wade, que liberou o procedimento no país.

Nos anos 1970, os juízes haviam relacionado o aborto com o direito à privacidade, ao considerarem que os governos não poderiam interferir em uma escolha de foro íntimo da mulher —a de manter ou não uma gestação. O direito à privacidade é garantido por duas emendas à Constituição dos EUA, a 9ª e a 14ª.

Já nesta sexta, a maioria conservadora dos magistrados reverteu a posição da Corte e considerou que relacionar o procedimento com o direito à privacidade não faz sentido.

O rascunho da decisão tinha vazado em maio. Na prática, ela representa uma vitória para o partido Republicano e as alas mais conservadoras e religiosas do país, que queriam proibir a interrupção legal da gravidez.

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