Mulher relata como sofreu um estupro coletivo no dia de seu casamento
Ela chegou a ser dada como morta. Mas, apesar da tragédia, sua história teve um final feliz
atualizado
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O dia do casamento traz uma das piores lembranças da vida da queniana Terry Gobanga. Ao invés da felicidade de se casar com o homem que amava, a memória mais forte desse dia envolve seu sequestro, seguido de um estupro coletivo que a deixou quase morta.
Em depoimento à BBC, ela contou que tudo aconteceu sem qualquer possibilidade de previsão ou mesmo de defesa. Ao voltar para casa depois de levar uma amiga a um ponto de ônibus, ela cruzou com um homem encostado em um carro. “Ele me segurou por trás e me jogou no banco traseiro. Havia mais dois homens dentro do veículo, que partiu”.
Ao ser encontrada, foi dada como morta. Mas, quando estava a caminho do necrotério, tossiu, e a polícia a levou até um hospital público. “Cheguei em choque, murmurava palavras incoerentes. Estava seminua e coberta de sangue, e meu rosto estava inchado por causa do soco. Mas algo fez a enfermeira-chefe desconfiar de que eu era uma noiva”.
A família já estava em pânico. Havia se passado horas e, sem o aparecimento de Terry, muitos até pensavam que ela havia mudado de ideia. Mas os familiares foram avisados e chegaram até o hospital, onde uma outra notícia trágica seria dada. “O ferimento foi muito profundo e atingiu seu útero, e você não poderá ter filhos”, disse um dos médicos.
Um mês depois da nova cerimônia, ela estava com o marido, Harry, em uma noite fria em casa. Eles colocaram um aquecedor a carvão e fumaça acabou fazendo os dois desmaiarem. Quando acordou no hospital, Terry recebeu mais uma notícia dura: “O médico me olhou e disse: ‘Desculpe, seu marido morreu'”. Ele havia morrido por envenenamento por monóxido de carbono.
Mas, no fim, ela finalmente conseguiu encontrar a felicidade. Três anos após suas tragédias pessoais, Terry se casou com Tonny Gobanga. “Tonny me pediu em casamento, mas disse a ele para comprar uma revista, ler minha história e dizer se ele ainda me amava. Ele voltou e afirmou que ainda queria se casar comigo”.
Isso garantiu mais um milagre. Apesar de ter sido dada como infértil pelos médicos após o estupro coletivo, um ano depois do casamento, ela se sentiu mal e foi ao médico. “Para a minha surpresa, soube que estava grávida”. Hoje, Terry coordena uma ONG chamada Kara Olmurani, que trabalha com sobreviventes de estupro oferecendo apoio e terapia.
“Perdoei meus agressores. Não foi fácil, mas percebi que não valia a pena. Minha fé me estimula a perdoar e não pagar o mal com o mal, mas com o bem”.