MP belga pede vista do processo contra políticos catalães
A defesa dos políticos catalães acredita que, após a vista, as autoridades belgas possam se pronunciar sobre a atuação espanhola
atualizado
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O Ministério Público da Bélgica pediu vista do processo que corria contra cinco políticos catalães envolvidos na tentativa de independência da Catalunha e que foi encerrado. Na última terça-feira (5/12), o juiz espanhol Pablo Llarena suspendeu a Euroordem (ordem europeia de prisão e entrega) contra os políticos, que estão na Bélgica. A intenção do juiz espanhol era evitar que a Justiça belga decidisse sobre quais crimes eles deveriam ser investigados. Eles são acusados de rebelião, insurreição e peculato, entre outros crimes.
No entanto, com o pedido do MP belga para que o processo seja analisado, a via judicial em Bruxelas não está totalmente encerrada. A instituição quer determinar como e em que termos o processo foi arquivado. A defesa dos políticos catalães acredita que, após a vista, as autoridades belgas possam se pronunciar sobre a atuação espanhola.
Carles Puigdemont, ex-presidente da Catalunha, e quatro de seus ex-conselheiros foram para a Bélgica há pouco mais de um mês, após a ativação do Artigo 155 da Constituição espanhola que os destituiu de seus cargos e suspendeu temporariamente a autonomia da região.
Em Bruxelas, eles defendem que sofrem perseguição política na Espanha e que lá não teriam um julgamento justo. Eles solicitam também que a União Europeia e organismos internacionais façam a mediação do conflito. No entanto, até o momento, nenhum organismo se dispôs a apoiar os políticos independentistas.
De acordo com o jornal espanhol El País, os advogados dos ex-conselheiros afirmam que a decisão do juiz Llarena de retirar as euroordens vem, “implicitamente, reconhecer que tal ordem havia sido ditada sem levar em conta a real situação do procedimento” na Espanha e as “circunstâncias pessoais” dos antigos membros do governo destituído. Os magistrados insistem também que haveria outros meios para levar os políticos a prestarem depoimentos, menos graves do que a prisão.
Apoio
Na quinta-feira (7/12), cerca de 45 mil pessoas se reuniram em Bruxelas, para demonstrar apoio aos separatistas, pedir a liberação dos “presos políticos” na Espanha e solicitar a intervenção da União Europeia no conflito.
O evento foi promovido pelas organizações separatistas ANC e Òmnium Cultural, cujos líderes, Jordi Sánchez e Jordi Cuixarte, estão presos na Espanha. O lema foi “Despierta, álzate por la democracia” (Acorda, levante-se pela democracia, em tradução livre).
A vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, criticou a manifestação em Bruxelas. Ela disse que eles só puderam estar lá pois têm carteiras de identidade espanholas, que lhes dão o direito de circular livremente pelos países da União Europeia.
Por outro lado, em Barcelona, cerca de 12 mil pessoas se manifestaram ontem a favor da unidade espanhola. Reunidos na praça Sant Jaime, com bandeiras da Espanha, os manifestantes gritavam “Puigdemont para a prisão”, “não somos facistas, somos espanhóis” e “eu sou espanhol”.
Eleições
Carles Puigdemont e outros seis políticos envolvidos na tentativa independentista são candidatos nas eleições regionais que se realizarão no próximo dia 21 de dezembro na Catalunha. Após a declaração unilateral de independência, que ocorreu no dia 27 de outubro e não foi reconhecida pelo governo central espanhol, o Artigo 155 da Constituição foi acionado e foram convocadas novas eleições para a comunidade autônoma.