Morte de homem negro pela polícia está provocando protestos nos EUA
O homem era funcionário de um refeitório escolar e foi parado pela polícia porque seu carro estava com farol queimado
atualizado
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Um policial matou a tiros um homem negro durante uma batida de trânsito perto de Minneapolis, no estado de Minnesota, nos Estados Unidos. A morte do homem, identificado como Philando Castile, aconteceu nesta quarta-feira (6/7) à noite, mas durante todo o dia de hoje (7) o caso provocou protestos de organizações de direitos humanos e manifestações de indignação das autoridades sobre a violência policial.
Castile trabalhava como funcionário de um refeitório escolar. O veículo foi parado pela polícia por ter uma luz de farol queimada.
Vídeo no Facebook
O episódio foi o segundo assassinato de um negro em apenas dois dias. Desta vez, a repercussão está sendo maior porque a namorada de Philando, Reynolds, que estava no carro da vítima no momento dos tiros, gravou no aparelho celular e transmitiu ao vivo pelo Facebook os últimos instantes de vida de seu namorado. No carro, também estava a filha dela, de apenas quatro anos.
“Meu Deus, não me digam que morreu, não me digam que meu namorado foi embora assim… Foi atingido por quatro tiros, senhor”, diz Reynolds no vídeo, que foi visualizado mais de 1,7 milhão de vezes ao longo do dia no Facebook. Nas imagens, o homem aparece no assento do motorista com manchas de sangue na blusa.
Segundo Reynolds, os tiros ocorreram no momento em que Castile estava procurando a licença do veículo e seus documentos. A polícia informou que a morte será investigada. No carro, a polícia encontrou um revólver, mas Castile tinha porte de arma.
No vídeo, o policial aparece apontando a arma contra Castile, enquanto este estava sangrando no banco do carro. Perto do fim do vídeo, que dura dez minutos, a filha de Reynolds, de quatro anos, tenta tranquilizar a mãe. “Está tudo bem, mamãe”, diz a menina. “Está tudo bem, estou aqui com você”.
No Facebook, hoje, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que ele e sua esposa, Michelle, compartilham a “raiva, frustração e tristeza” que muitos americanos estão sentindo com a morte de pessoas em incidentes com policiais.
“Todos os americanos devem estar profundamente preocupados com os disparos fatais … Temos visto tais tragédias demasiadas vezes e nossos corações estão com as famílias e comunidades que sofreram uma perda tão dolorosa”, disse Obama.
Governador de Minnesota
Em entrevista à imprensa, o governador de Minnesota Mark Dayton informou que o caso está sendo investigado pela polícia estadual. Ele acrescentou que, para garantir uma investigação independente, o governo estadual está solicitando que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos também intervenha no caso.
“Esse tipo de comportamento é inaceitável”, disse Dayton. “Será que isso teria acontecido se os passageiros, o motorista e os passageiros, fossem brancos?”, disse o governador. “Eu não acho que teria acontecido. Então sou forçado a acreditar, e todos em Minnesota são forçados a confrontar [essa situação] de que este tipo de racismo existe [em nosso país]”
Dezenas de manifestantes fizeram protestos contra a violência policial em Saint Paul, capital de Minnesota. A cidade fica a cerca de 15 quilômetros do local da morte de Castile.
Segundo caso
A morte de Castile ocorreu 24 horas depois que, em outro tiroteio, a polícia matou Alton Sterling em Baton Rouge, no estado de Louisiana. Sterling, que era negro, foi morto durante uma abordagem feita por dois policiais brancos, identificados como Blane Salamon e Howie Lago.
Durante a abordagem, nas proximidades de uma loja de conveniência, Sterling foi colocado deitado ao chão e morto com um tiro no peito.
Líderes comunitários de Baton Rouge, em entrevista à imprensa hoje, pediram uma ampla investigação criminal dos dois policiais envolvidos no tiroteio.