Morte de estudante em Paris gera pressão por deportação de suspeito
Marroquino é suspeito de matar jovem de 19 anos em Paris. Caso inflama preconceito contra imigrantes e políticos pedem deportação
atualizado
Compartilhar notícia
Suspeito de ter cometido assassinato de uma estudante de 19 anos, em Paris, impulsiona apelos por ações mais duras contra imigrantes. O caso inflama, ainda mais, as tensões políticas na França, onde o recém-empossado governo conservador planeja reprimir a imigração. A indignação gerada pelo crime levou políticos tanto de ultradireita como de esquerda a pedir medidas severas.
O corpo da jovem, identificada apenas de Philippine, foi encontrado no sábado (21/9), semienterrado no parque Bois de Boulogne, no oeste da capital francesa. Ela havia sido vista pela última vez na sexta-feira (20/9), na hora do almoço, quando saía do campus da Université Paris-Dauphine, onde estudava economia.
O suposto assassino foi detido em Genebra, na Suíça, na terça-feira (22/9) e aguarda extradição para a França. Ele é um marroquino, de 22 anos, que foi libertado em junho de uma prisão na França, após cumprir cinco anos de detenção por estuprar uma estudante em 2019, quando ele ainda era menor de idade. Após ser libertado, ele foi levado a um centro de detenção administrativa.
No início de setembro, um juiz o libertou com a condição de que ele se apresentasse regularmente às autoridades. Porém, pouco antes do assassinato do estudante, o suspeito havia sido colocado em uma lista de procurados por ter desrespeitado as condições de sua libertação.
Chamado pela mídia francesa de Taha O, o homem foi alvo de uma ordem de expulsão da França, que não foi cumprida.
“Se tivermos que mudar as regras, vamos mudar”
Para o novo ministro do Interior da França, o conservador Bruno Retailleau, esse é o primeiro teste após assumir o cargo, prometendo que suas três principais prioridades seriam “estabelecer a ordem, estabelecer a ordem e estabelecer a ordem”.
“Esse é um crime abominável”, disse Retailleau, que substituiu seu antecessor Gerald Darmanin, prometendo endurecer a legislação de imigração e facilitar a deportação de estrangeiros condenados por crimes. “Cabe a nós, como líderes públicos, recusar-nos a aceitar o inevitável e desenvolver nosso arsenal jurídico para proteger os franceses”, acrescentou. “Se tivermos que mudar as regras, vamos mudá-las.”
Protesto da ultradireita
“A vida de Philippine foi roubada dela por um imigrante marroquino que estava sob ordem de remoção”, disse Jordan Bardella, líder do partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), o maior partido no Parlamento, na noite de terça-feira (22/9), através da rede social X.
“Nosso sistema judiciário é frouxo, nosso Estado é disfuncional, e nossos líderes estão deixando os franceses viverem ao lado de bombas humanas”, acrescentou. “É hora de este governo agir: nossos compatriotas estão com raiva e não medirão palavras.”
Influência da ultradireita no novo governo
Com mais de 120 membros do Parlamento, o RN, partido de Marine Le Pen, tem influência sobre o governo minoritário do primeiro-ministro Michel Barnier, pois pode decidir, a qualquer momento, apoiar um voto de desconfiança e potencialmente derrubá-lo.
A legenda afirmou, nas últimas semanas, que se reserva ao direito de retirar seu apoio tácito ao gabinete de Barnier se suas preocupações sobre imigração e outras questões não fossem abordadas, dizendo que o destino do governo está em suas mãos.
O RN adquiriu o status de fiel na balança ao sinalizar apoio a uma nova coalizão entre centristas e conservadores, após a eleição de julho, na qual o governo centrista do presidente Emmanuel Macron sofreu grandes perdas.
Líder de esquerda também quer mais deportações
O ex-presidente socialista François Hollande também se manifestou, dizendo que as ordens de deportação tinham que ser executadas “rapidamente”.
A França emite rotineiramente ordens de deportação, conhecidas pela abreviação francesa OQTF, mas apenas 7% delas são executadas, em comparação com 30% em toda a União Europeia.
Marie-Laure Basilien-Gainche, especialista em direito público, disse que as autoridades francesas estavam emitindo um número excessivo de ordens de deportação. “Estamos vendo um aumento no número de ordens de remoção emitidas contra pessoas que – sabemos desde o início – não podem retornar ao seu país de origem ou de trânsito”, disse ela.
Leia mais reportagens no DW, parceiro do Metrópoles.