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O Ministério Público da Venezuela informou na manhã desta sexta-feira (27/12) que o militar argentino Nahuel Agustín Gallo será processado por estar vinculado a “ações terroristas”.
Ele foi preso no estado Táchira (na fronteira com a Colômbia) em 8 de dezembro ao entrar por terra no território venezuelano. A prisão do militar aumenta ainda mais a tensão entre Argentina e Venezuela.
De acordo com o Ministério Público venezuelano, Gallo é acusado de entrar de forma irregular na Venezuela “ocultando um verdadeiro plano criminoso sob o disfarce de uma visita sentimental”, afirmou o procurador geral Tarek Willian Saab.
Ao ser detido, o militar informou às autoridades locais que veio ao país visitar sua esposa, de nacionalidade venezuelana, e o filho do casal. Gallo iria encontrá-los em Puerto La Cruz, capital do estado Anzoátegui (região leste do país).
María Gomez e a criança de dois anos, respectivamente esposa e filho de Gallo, estavam há sete meses na Venezuela para cuidar da sogra do militar, que precisa de atenção médica.
Cidadãos argentinos não precisam de visto para entrar na Venezuela. Segundo a companheira do militar, antes de tentar visitá-los, Gallo pediu e recebeu das autoridades venezuelanas uma carta-convite emitida pelo Serviço Autônomo de Registros e Cartórios (SAREN).
Nahuel Agustín Gallo tem 33 anos e trabalha como sub-oficial no esquadrão 27 Uspallata, na província argentina de Mendoza.
O que diz a Argentina
Na noite desta quinta-feira (26/12) o presidente Javier Milei se reuniu com familiares de Gallo em uma província do país natal do militar.
Por sua vez, a ministra argentina de Segurança, Patrícia Bullrich, afirmou que Nahuel Agustín Gallo veio para a Venezuela “com vontade de ver seu filho. Que ação terrorista pode ser feita por alguém que entrar com todos os documentos? Outra mentira (do governo venezuelano)”.
A esposa e o irmão de Gallo denunciam não ter informação sobre o local onde Nahuel está detido. Autoridades argentinas pressionam a Venezuela a informar o paradeiro do militar.
O caso acirra ainda mais a tensão entre Venezuela e Argentina. Após a eleição de 28 de julho o governo de Milei questionou a falta de transparência no pleito presidencial. A crítica motivou o governo do presidente Nicolás Maduro a expulsar diplomatas argentinos (e de outros cinco países) do território venezuelano.
Além disso, desde março estão asilados na embaixada da Argentina em Caracas e sob custódia do Brasil, cinco pessoas da equipe da líder opositora Maria Corina Machado. Fernando Martínez Móttola era a sexta pessoa refugiada no local, mas no último sábado (21/12), ele decidiu se apresentar às autoridades venezuelanas e aguarda em casa a resolução sobre seu caso.
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