Milhares de pessoas enfrentam “fome catastrófica” em Gaza, diz ONU
Crise humanitária em Gaza se agrava: mais de meio milhão enfrenta “fome catastrófica” devido a restrições de Israel, denuncia ONU
atualizado
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Mais de meio milhão de pessoas enfrentam uma “fome catastrófica” na Faixa de Gaza, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23/1). Israel continua mantendo restrições ao fornecimento de água, alimentos e combustível para o terrítorio desde o início do conflito contra o Hamas, em outubro do ano passado.
A agência das Nações Unidas responsável pela ajuda aos refugiados palestinos, conhecida como UNRWA, também acrescentou que as unidades de saúde de Gaza foram totalmente destruídas com os bombardeios, e renovou o apelo por um cessar-fogo humanitário, afim de facilitar entregas de ajuda.
Em um vídeo divulgado nesta terça no X (antigo Twitter), uma porta-voz da agência, Juliette Touma, mostrou várias pessoas deitadas no chão em Gaza, em instalações de saúde superlotadas, recebendo tratamento médicos com equipamentos rudimentares. O vídeo também denúncia o estado de famílias que fazem filas para conseguir comida, além de mostrar as moradias precárias em que vivem. Veja a postagem:
#Gaza: “for the vast majority of people, they feel extremely cutout from each other and from the rest of the world” – @JulietteTouma, @UNRWA director of communications pic.twitter.com/RgMKjAiKXX
— UN News (@UN_News_Centre) January 23, 2024
“Essas não são condições adequadas para seres humanos”, afirmou Touma, que acresentou que a situação era “absolutamente desesperadora”.
A URNW afirma que a capacidade da agência para fornecer ajuda foi sabotada pelos intensos combates e apagões das redes de telecomunicações de Gaza durante dias seguidos. Restrições na capacidade de se deslocar pelo território também são outro grande impecílou no suporte aos civis.
Em um outro post separado no X, Touma afirmou que “á medida que o risco de fome aumenta, [as Nações Unidas] pedem um aumento crítico no acesso humanitário”.
Segundo autoridades de saúde palestinas, o número de mortos no conflito já ultrapassou 25 mil pessoas. A ONU afima que 70% dessas mortes eram de mulheres e crianças civis, cerca de 17.500 pessoas.
O governo israelense, no entanto, afirma que estar fazendo todo o possível para evitar vítimas inocentes, além de culpar o Hamas por colocar civis em risco, após o ataque a Israel em 7 de outubro, no qual 1.200 pessoas morreram.
Israel também argumenta que o Hamas esconde as forças militares em áreas civis, utilizando “inocentes como escudos humanos”, afirmou o primiê Benjamin Netanyahu. Além disso, Jerusalém, que impôs um cerco de suprimentos básicos ao longo de Gaza logo no início da campanha de guerra, acusa os extremistas islâmicos de possuírem infraestruturas militares e postos de comandos em túneis sob hospitais e outros edifícios públicos.
Nessa segunda-feira (22/1), o coronel Elad Goren, chefe da agência israelense que supervisiona a política para as regiões palestinas, disse que os relatos de um desastre humanitário em Gaza são exagerados.
“O abuso cínico do Hamas da infraestrutura médica e de outras infraestruturas humanitárias tem a intenção de fazer parecer que há uma crise humanitária na Faixa de Gaza”, disse o coronel Goren.
Goren ainda falou que Israel estabeleceu seis hospitais de campanha em todo território da Faixa de Gaza, além de ter facilitado a entrada de mais de 1.100 caminhões transportando cerca de 13 mil toneladas de suprimentos médicos.
No entanto, trabalhadores humanitários alegam que uma ajuda muito maior é necessário a fim de amparar de formar significativa os mais de 2,2 mulhões de pessoas que padecem em meio a terrível escassez de alimentos, água e suprimentos.
*Com informações do The New York Times