Milei deverá ter a menor bancada legislativa da história da Argentina
O presidente eleito, Javier Milei, vai enfrentar desafios na implementação de propostas e estará suscetível a um possível impeachment
atualizado
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O economista e deputado Javier Milei, representante do partido Libertad Avanza, triunfou nas eleições presidenciais da Argentina, neste domingo (19/11), conquistando 55,8% dos votos válidos. No entanto, esse desempenho não se refletiu nas eleições legislativas ocorridas em 22 de outubro, simultaneamente ao primeiro turno da disputa presidencial.
Milei está prestes a assumir a Presidência argentina com a menor representação parlamentar da história do país. As negociações para buscar estabelecer a governabilidade começaram imediatamente na noite de domingo, quando o economista recebeu a visita do ex-presidente Mauricio Macri e da candidata derrotada no primeiro turno Patrícia Bullrich, ambos filiados à legenda Proposta Republicana (PRO). Os dois haviam expressado apoio a Milei no segundo turno.
Apesar desse respaldo, Milei está distante de garantir maioria no Congresso, o que acarretará desafios na implementação de propostas, incluindo a significativa redução do tamanho do Estado, a diminuição de impostos e a privatização de estatais.
Essa projeção sugere que Milei poderia conquistar pelo menos um terço dos assentos na Câmara, o que seria suficiente para bloquear um eventual processo de impeachment. No entanto, esse número é inadequado para a aprovação de projetos de lei ou para evitar a revogação dos decretos de necessidade e urgência, que funcionam de maneira semelhante às medidas provisórias no Brasil.
A coalizão União pela Pátria, que apoiou Massa, contará com 108 deputados na próxima composição da Câmara. Uma frente de esquerda terá cinco, e o peronismo não kirchnerista, sete. Juntos, esses três grupos terão um total de 120 deputados.
Cenário mais complicado no Senado
Com total de 72 assentos, são necessários 37 para alcançar a maioria. O partido de Milei, que atualmente não tem nenhum senador, conquistou sete assentos. O PRO, liderado por Macri, terá seis senadores, totalizando uma bancada de 13. Enquanto isso, a coalizão que apoiou Massa contará com 35 senadores, e o peronismo não kirchnerista terá mais três.
Existe também a possibilidade de Milei conseguir agregar mais cinco senadores do bloco Unidade Federal à sua base, mas, mesmo assim, isso não seria suficiente para alcançar um terço da composição da Casa, deixando-o mais uma vez vulnerável a possíveis processos de impeachment e distante da maioria necessária para aprovar projetos de lei.
Com informações da Deutsche Welle