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Michelle Bachelet, da ONU, condena ataques de Bolsonaro às urnas

Durante discurso de despedida, chefe de Diretos Humanos do órgão, Michelle Bachelet, avaliou a postura do mandatário brasileiro

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1 de 1 mulher discursando - Foto: Carlos Garcia Granthon/Fotoholica Press/LightRocket via Getty Images

A alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, expressou preocupação nesta quinta-feira (25//8) com os ataques ao sistema eleitoral brasileiro e com a escalada de violência política no país.

Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, Bachelet também condenou as hostilidades do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o Judiciário e justificou que um chefe de Estado deve respeitar os outros poderes.

“O que me parece mais preocupante é que o presidente peça a seus simpatizantes que protestem contra as instituições judiciais” respondeu, ao ser questionada sobre a situação no Brasil.

“Podemos não concordar com decisões tomadas pelos outros poderes a afirmar isto se for necessário, mas é preciso respeitá-los. Não podemos fazer coisas que possam aumentar a violência ou o ódio contra as instituições democráticas, que devem ser respeitadas e reforçadas. Não devemos tentar miná-las com discursos políticos”, completou.

Ex-presidente do Chile, Bachelet falou, inclusive, sobre o encontro do mandatário brasileiro com embaixadores, realizado em 18 de julho. Em decisão recente, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que a TV Brasil e redes sociais retirem o conteúdo do encontro do ar. 

“O presidente Bolsonaro intensificou os ataques ao Judiciário e ao sistema eletrônico de voto, incluindo em um encontro com embaixadores em julho, o que gerou fortes reações (…) e eu tenho que dizer, tendo sido já chefe de Estado, que um chefe de Estado deve respeitar outros poderes, o Judiciário, o Legislativo, e não ficar vociferando ataques contra outros, porque é essencial para um presidente da República assegurar a democracia”.

A temática da violência política também despertou atenção da alta comissariada. Ela citou o assassinato do tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, pelo policial federal penal Jorge Guranho, apoiador de Bolsonaro, em julho.

“Quando você é um candidato, ou um presidente que é candidato, você tem que ser muito cuidadoso para garantir que as pessoas se sintam seguras para ir votar. Eu sei, por exemplo, que em julho, um policial apoiador de Bolsonaro matou um apoiador de Lula. Casos como esse não deveriam acontecer, e quando um líder usa uma linguagem que pode ser utilizada em uma direção errada, isso é muito ruim”.

As declarações ocorreram na última entrevista coletiva de Bachelet como chefe de direitos humanos da ONU. Em junho, ela anunciou que não renovaria o mandato no cargo.

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