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Mesmo sob escombros após terremoto, Turquia e Síria seguem em conflito

Apesar da tragédia, tensão entre curdos e turcos na Síria e Turquia não diminui, dificultando o resgate e ajuda às vítimas dos terremotos

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1 de 1 Montagem_conflitos na Turquia e Curd copiar - Foto: Arte/Metrópoles

Nem mesmo a devastação provocada pelos terremotos na Turquia e Síria, que deixaram mais de 23 mil mortos até o momento, fez com turcos e curdos sírios levantassem bandeira branca no conflito que se arrasta há décadas.

Ao Metrópoles, brasileiros que atuam ao lado de rebeldes curdos pela autonomia e independência do Curdistão sírio confirmam que o embate continua, mesmo após o rastro de destruição deixado pelos tremores.

Fontes afirmam que a tragédia humanitária se tornou mais uma arma na disputa por território. “As áreas mais afetadas estão sob ocupação turca e nas mãos de grupos islâmicos mercenários, dificultando o envio de ajuda”, relatam.

Segundo o Observatório de Direitos Humanos de Afrin, região localizada no norte da Síria e ocupada por militares turcos desde 2018, além da demora no envio de ajuda, o governo da Turquia fechou as fronteiras da cidade, impossibilitando a chegada de apoio médico, ambulâncias e maquinário pesado para a remoção de escombros.

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“Sem energia e gás, não há alternativa para as pessoas se aquecerem. É necessário todo o tipo de ajuda, desde mantimentos básicos, combustível, até maquinários pesados para a retirada dos corpos e de pessoas presas nos escombros”, diz um comunicado da Brigada Internacionalista Irmã Dorothy.

Na Turquia, onde pelo menos 19 mil pessoas morreram em decorrência dos tremores, o governo é acusado de negligenciar ajuda em regiões povoadas por curdos. “Não há Estado. Eles não vêm”, afirma uma moradora de Elbistan, em vídeo enviado para o Metrópoles.

Confira:

 

Histórico de tensões

O mais recente episódio de tensão entre turcos e curdos sírios, que se estende desde meados de 1920 em um conflito geopolítico que envolve identidade, independência e cultura, teve início em 2018, após a Turquia ocupar parte do território conquistado por rebeldes curdos no norte da Síria.

Após lutarem ao lado dos Estados Unidos contra o Estado Islâmico na guerra civil da Síria, rebeldes curdos conquistaram territórios no norte e nordeste sírios, criando o autoproclamado governo do Curdistão sírio – também conhecido como Rojava – composto por três regiões: Afrin, Jazira e Kobani.

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A região foi uma das mais afetadas na Síria pelos terremotos
Segundo o Observatório de Direitos Humanos de Afrin, a ajuda humanitária não está chegando na região
Eles afirmam que forças militares turcas estão impedindo a entrada de caminhões e maquinários
Na Síria, tremores mataram mais de 3 mil pessoas
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Localizada no norte da Síria, Afrin atualmente está sob ocupação da Turquia

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A região foi uma das mais afetadas na Síria pelos terremotos

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Segundo o Observatório de Direitos Humanos de Afrin, a ajuda humanitária não está chegando na região

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Eles afirmam que forças militares turcas estão impedindo a entrada de caminhões e maquinários

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Na Síria, tremores mataram mais de 3 mil pessoas

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Contudo, depois de o governo norte-americano retirar tropas do norte da Síria, a Turquia iniciou uma ofensiva contra rebeldes curdos, considerados terroristas pelo governo do presidente turco Recep Tayyip Erdoğan.

Com a justificativa de proteger a fronteira da Turquia contra grupos armados curdos, além de realocar refugiados sírios, uma ofensiva teve início. Em 2018, Afrin foi ocupada por militares turcos e as operações militares escalaram. Na época, Erdogan afirmou que os alvos seriam bases militares de curdos localizados no território do Curdistão sírio.

Bombardeios continuam

Poucas horas após os primeiros terremotos atingirem a Turquia e Síria, bombas e mísseis entre rebeldes curdos e forças militares turcas voltaram explodir.

Segundo o Ministério da Defesa da Turquia, membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado um grupo terrorista pelo governo turco, lançaram um ataque a mísseis contra um posto turco na fronteira com a Síria na última terça-feira (7/2). O governo de Erdogan respondeu com um bombardeio nas proximidades de Tel Rifaat, na zona rural de Aleppo. Curdos negaram o lançamento de projéteis, e afirmaram que a declaração é uma “tentativa de criminalizar a oposição”.

A cidade tem sido abrigo para curdos e sírios que foram deslocados de Afrin, no norte da Síria, após a ocupação turca militar turca da cidade em 2018.

Na Síria também existem relatos de bombardeios do governo de Bashar al-Assad contra rebeldes em meio à devastação provocada pelos tremores. A denúncia foi feita pela parlamentar britânica Alicia Kearns, pelas redes sociais.

“Relatórios dizem que Marea, no norte de Aleppo – que foi afetada pelo terremoto – foi bombardeada com artilharia”, afirmou. A informação foi confirmada pelo jornal Middle East Eye. Segundo uma fonte militar, o incidente não provocou perdas materiais ou humanas.

Nessa sexta-feira (10/2), o PKK anunciou que um cessar-fogo unilateral após o desastre humanitário.

“Apelamos a todas as nossas forças que realizam ações militares para interromper todas as ações militares na Turquia, nas metrópoles e cidades. Além disso, decidimos não agir a menos que o estado turco nos ataque. Nossa decisão será válida até que a dor de nosso povo seja aliviada e suas feridas curadas”, afirmou Cemil Bayik, co-líder do grupo, a agência de notícias curda ANF News.

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