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Sexta extinção em massa já ocorre no planeta Terra e a causa é inédita

Estudo mostra que a sexta extinção no planeta está em andamento. No entanto, pela primeira vez, a perturbação não é por eventos naturais

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Jon Tyson/Unsplash
Desenho do planeta terra com símbolo de proibido vermelho
1 de 1 Desenho do planeta terra com símbolo de proibido vermelho - Foto: Jon Tyson/Unsplash

A vida no planeta Terra já atravessou cinco grandes eventos de extinção em massa e cientistas estão cada vez mais convencidos de que está em andamento um sexto evento. E a causa do fenômeno é inédita.

Simplificando: as espécies estão na rota da extinção a uma taxa muito maior do que se esperaria naturalmente. Segundo os especialistas, os sinais são claros de que há uma perturbação no sistema. E a perturbação, desta vez, são os seres humanos.

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Vaca marinha de Steller ( Hydrodamalis gigas (Zimmerman)), uma das poucas extinções marinhas documentadas, esqueleto no Musée des Confluences, Lyon
Parasitas, como este piolho (Phthiraptera, Rallicola pilgrimi Clay, coletado em junho de 2014, South Island, Nova Zelândia), não estão na Lista Vermelha, mas são quase completamente desconhecidos na avaliação de extinções
Direita: Ilhas tropicais como Anjouan, nas Comores, sofreram desmatamento extensivo para a agricultura. Esquerda: Outras ilhas como Rapa nas Ilhas Austrais, Polinésia Francesa, que tem uma área de apenas 40 km 2 e costumava ter mais de 100 espécies endêmicas de caracóis terrestres, 59 espécies de plantas endêmicas e 67 espécies endêmicas de gorgulhos, agora são em sua maioria estéreis
Rurutu (Ilhas Austrais, Polinésia Francesa) já foi o lar de 19 espécies endodonticas de Endodontidae (Mollusca). Apesar de extensas buscas nos remanescentes de vegetação nativa, como no sopé desta falésia, apenas conchas vazias foram encontradas. Todas as 19 espécies são agora consideradas extintas
Seres humanos são causadores da extinção em massa da Terra
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Endodontidae recentemente extinto de Rurutu (Ilhas Austrais, Polinésia Francesa)

O. Gargominy, A. Sartori/Muséum national d'Histoire naturelle
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Vaca marinha de Steller ( Hydrodamalis gigas (Zimmerman)), uma das poucas extinções marinhas documentadas, esqueleto no Musée des Confluences, Lyon

Vassil/Wikimedia Commons
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Parasitas, como este piolho (Phthiraptera, Rallicola pilgrimi Clay, coletado em junho de 2014, South Island, Nova Zelândia), não estão na Lista Vermelha, mas são quase completamente desconhecidos na avaliação de extinções

Creative Commons 4.0. Te Papa
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Direita: Ilhas tropicais como Anjouan, nas Comores, sofreram desmatamento extensivo para a agricultura. Esquerda: Outras ilhas como Rapa nas Ilhas Austrais, Polinésia Francesa, que tem uma área de apenas 40 km 2 e costumava ter mais de 100 espécies endêmicas de caracóis terrestres, 59 espécies de plantas endêmicas e 67 espécies endêmicas de gorgulhos, agora são em sua maioria estéreis

B. Fontaine/Divulgação
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Rurutu (Ilhas Austrais, Polinésia Francesa) já foi o lar de 19 espécies endodonticas de Endodontidae (Mollusca). Apesar de extensas buscas nos remanescentes de vegetação nativa, como no sopé desta falésia, apenas conchas vazias foram encontradas. Todas as 19 espécies são agora consideradas extintas

B. Fontaine/Divulgação
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Seres humanos são causadores da extinção em massa da Terra

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Cartaz em protesto pede "mudança do sistema não mudança climática"

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Planeta Terra está vivenciando a sexta extinção em massa

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Um estudo liderado pela University of Hawaii, publicado na revista científica Biological Reviews na segunda-feira (10/1), revela que – diferentemente dos outros cinco períodos, causados por eventos naturais – este evento de extinção está sendo exclusivamente provocado pela ação humana.

A pesquisa considerou uma ampla lista de espécies ameaçadas de extinção, incluindo os invertebrados — pouco considerados em outras análises.

Dados históricos

Embora alguns membros da comunidade científica neguem a existência de tal catástrofe, o principal autor do estudo, Robert Cowie, explicou que as altas taxas de extinção e a redução da abundância da biodiversidade estão todas bem documentadas.

A negação da sexta extinção é fundamentada em tendências de encarar a crise apenas considerando espécies de mamíferos e aves. No entanto, de acordo com o estudo, se considerar os invertebrados na conta — os quais constituem a maior parte da biodiversidade —, o cenário é grave.

“Essa negação é baseada em uma avaliação altamente tendenciosa da crise que se concentra em mamíferos e aves e ignora os invertebrados, que obviamente constituem a grande maioria da biodiversidade”.

Através de dados históricos sobre espécies de caracóis e lesmas terrestres, os pesquisadores calculam que, desde 1500, o planeta já tenha perdido de 7,5% a 13% das 2 milhões de espécies conhecidas até hoje — o equivalente de 150.000 a 260.000 de organismos.

Usando dados históricos sobre espécies de caracóis e lesmas terrestres, os pesquisadores calculam que, desde 1.500, o planeta já tenha perdido de 7,5% a 13% das 2 milhões de espécies conhecidas até hoje — o equivalente de 150 mil a 260 mil organismos.

A situação não é a mesma em todos os lugares, no entanto. Embora as espécies marinhas enfrentem ameaças significativas, não há evidências de que a crise esteja afetando os oceanos na mesma medida que a terra.

Em terra, espécies insulares, como as das ilhas havaianas, são muito mais afetadas do que as espécies continentais. E a taxa de extinção das plantas parece menor do que a dos animais terrestres.

Negacionismo científico

Os estudiosos alegam que muitas pessoas negam a sexta extinção, por considerá-la uma trajetória evolutiva nova e natural, tendo os seres humanos apenas como mais uma espécie desempenhando seu papel natural na história da Terra.

Muitos até consideram que a biodiversidade deve ser manipulada para benefício da humanidade. “Mas benefício definido por quem?”, questiona o estudo.

Robert Cowie destaca que os seres humanos são a única espécie capaz de manipular a biosfera em larga escala. “Não somos apenas mais uma espécie evoluindo diante de influências externas. Em contraste, somos a única espécie que tem uma escolha consciente em relação ao nosso futuro e à biodiversidade da Terra”

“Negar a crise, aceitá-la sem reagir, ou mesmo incentivá-la, constitui uma revogação da responsabilidade comum da humanidade e abre caminho para que a Terra continue em sua triste trajetória em direção à Sexta Extinção em Massa”, concluiu.

As causas das 6 extinções

Ordoviciano-Siluriano1. Período Ordoviciano-Siluriano
440 milhões de anos (aproximadamente)

Possíveis causas: mudança climática severa que alterou a temperatura e o nível do mar, atividade vulcânica extensa, glaciação (período de fio intenso), causando perda de habitat e destruindo a cadeia alimentar de muitas espécies.

Espécies extintas: 60% a 70% das espécies

 

 

Devoniano Superior 2. Período Devoniano Superior
360 milhões de anos (aproximadamente)

Possíveis causas: desconhecidas. Mudanças climáticas intensas e falta de oxigenação nos oceanos por conta de erupções vulcânicas foram detectadas. Há indícios de impacto de um asteroide, mas a teoria não é consenso entre cientistas.

Espécies extintas: 70% a 75% das espécies

 

 

Permiano-Triássico3. Período Permiano-Triássico (a grande morte)
252 milhões de anos (aproximadamente)

Possíveis causas: impacto de asteroide, vulcanismo intenso que provocou efeito estufa acelerado pela liberação de dióxido de carbono na atmosfera e metano do fundo do mar, provocando a falta de oxigênio nos oceanos. Foi o maior evento de extinção em massa da história da Terra. O nível do mar aumentou e chuva ácida caiu sobre a Terra.

Espécies extintas: 96% da vida marinha e 70% da terrestre

 

Triássico-Jurássico4. Período do Triássico-Jurássico
200 milhões de anos (aproximadamente)

Possíveis causas: cientistas acreditam em atividade vulcânica massiva onde hoje está o Oceano Atlântico, aumentando emissão de dióxido de carbono que engatilhou mudanças climáticas, liberando metado preso no permafrost, o solo congelado encontrado na região do Ártico.

Espécies extintas: 80% das espécies

 

 

Cretáceo-Paleogeno5. Período Cretáceo-Paleogeno
66 milhões de anos (aproximadamente)

Possíveis causas: diferente dos outros períodos, neste evento a causa foi um agente externo, um asteroide com mais de 13 quilômetros de largura que mergulhou na Terra a 72 mil quilômetros por hora. A cratera de 180 quilômetros de largura e 19 quilômetros de profundidade hoje é a Península do Iucatã, no México. Muitas espécies que podiam voar, cavar ou mergulhar fundo nos oceanos sobreviveram.

Espécies extintas: 75% das espécies

 

Indústria6. Período Quartenário
Em andamento

Possíveis causas: seres humanos.

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