Mais de mil tubarões e arraias estão “emaranhados” em lixo plástico
Cientistas contabilizaram 1.116 espécimes presos a materiais plásticos, problema recente e pouco relatado, segundo eles
atualizado
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Imagens de animais presos a lixo plástico, como redes de pesca, se tornam cada vez mais comuns em todo o planeta. O problema é tão constante, que acabou despertando a atenção de um grupo de cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido. Eles fizeram um varredura em vários estudos já publicados e encontraram relatos de mais de mil tubarões e arraias emaranhados ou mortos de fome e por sufocamento, por conta de materiais plásticos descartados por seres humanos nos mares e oceanos.
O número real provavelmente é maior, já que há poucos estudos que se concentram neste problema. A pesquisa destaca que os principais materiais que são encontrados presos aos corpos desses espécimes são redes de pesca perdidas ou descartadas na água, conhecidos como “equipamentos fantasmas”. Enrolados, os animais ficam em intenso sofrimento, que pode levá-los à imobilização, fome, morte por afogamento ou sequelas no corpo, como é o caso do tubarão que aparece na imagem, da espécie mako ou mako-cavala, fotografado enroscado a uma rede de pesca no Oceano Pacífico.
Segundo Kristian Parton, do Centro de Ecologia e Conservação do Exeter’s Penryn Campus, em Cornwall, no Reino Unido, a fibra provavelmente ficou presa na altura barbatanas quando o animal era mais jovem, causando escoliose das costas, condição que provocará sofrimento até o fim da vida. “O tubarão claramente continuou crescendo depois de ficar emaranhado, então a corda – que estava coberta de cracas (crustáceos marítimos que se “colam” a diversas superfícies, inclusive ao corpo de outros seres vivos) – ficou acoplada à pele e danificou sua espinha”, explicou.
O estudo destes cientistas, que encontrou 1.116 casos até o momento, é o primeiro a contar também com ajuda de pesquisas no Twitter, já que muitos relatos de animais em tais condições só foram encontrados nas redes sociais. Para eles, essa disparidade “enfatiza que o emaranhamento impacta um número significativamente maior de espécies em uma escala maior do que o estudo apresentou”, disseram no artigo publicado nesta sexta-feira (05/07/2019) na revista Endangered Species Research.
Além das redes de pesca, outros produtos encontrados nas pesquisas foram tiras de plásticos, sacolas, embalagens, cordões elásticos, entre outros. Com o alerta, a ideia do estudo é propor a criação de uma “plataforma de ciência cidadã”, que ajude inclusive a colher mais dados sobre os casos. “É uma questão de bem-estar animal, de relevância para a conservação”, escreveram.