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Ideia genial salva a vida de filhotes de tartarugas na jornada até o mar

Pesquisadores desenvolveram um sensor que detecta quando as ninhadas de tartarugas devem começar a sair dos buracos feitos pelas mães

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Filhotes de Tartaruga marinha
1 de 1 Filhotes de Tartaruga marinha - Foto: David Reynolds/Unsplash

As tartarugas marinhas passam a vida no oceano, exceto quando as fêmeas vão à praia a cada verão para colocar seus ovos. Estes incubam sob a areia por várias semanas até que milhares de pequeninos (e fofos) filhotes emergem e correm em direção à arrebentação.

Embora seja um momento quase mágico de vida, esta jornada é altamente vulnerável para tartarugas marinhas. Os filhotes devem evitar detritos na areia, assim como predadores. Eles também podem ficar desorientados por causa da poluição luminosa das casas de praia e hotéis e não conseguem chegar à água, morrendo de desidratação.

Uma equipe de especialistas resolveu ajudar nesta missão de vida ou morte das tartarugas, para garantir que mais espécimes tenham sucesso na caminhada para o mar. Para isso, desenvolveram um sensor que detecta quando as ninhadas devem começar a sair dos buracos feitos pelas mães. O aparelho adaptou inclusive o mesmo mecanismo que esses filhotes usam para eclodir os ovos e partir para o mar.

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Por que proteger?

Só nos Estados Unidos, todas as seis espécies de tartarugas marinhas encontradas lá são protegidas pela Lei de Espécies Ameaçadas. As comunidades de praia são, desta forma, obrigadas a garantir que as tartarugas bebês recebam proteção adequada – inclusive na jornada para a água.

Até então, especialistas e a comunidade local precisavam “adivinhar” as datas de emergência com base na quantidade de tempo que se passou desde que o ninho foi colocado. Se o ninho estiver em uma área povoada, os voluntários o monitoram por 24 horas. Mas este trabalho pode durar semanas, o que exige muitas horas de voluntariado.

Partindo deste dilema é que foi criado o TurtleSense, uma forma mais fácil e barata de monitorar remotamente a atividade dos ninhos. Erin Clabough, neurocientista e professora Associada de Psicologia da Universidade da Virgínia, contou em um estudo publicado este mês que a ideia começou durante uma conversa informal com um homem que ela conheceu enquanto brincava com os filhos em uma praia em Hatteras Island, uma ilha na costa da Carolina do Norte.

O homem em questão é Eric Kaplan, fundador do Hatteras Island Ocean Center, um centro de conservação de espécies marítimas. Eles se juntaram a David Hermeyer e Samuel Wantman, engenheiros aposentados da organização sem fins lucrativos Nerds Without Borders, de San Francisco; ao inventor mestre da IBM, Thomas Zimmerman; e ao estudante de veterinária Joshua Chamberlin, para darem início à missão de resgate dos bebês.

Clabough trabalhou para entender como os filhotes de tartarugas podem usar movimento ou vibrações para coordenar a atividade do ninho. Com a equipe, ela colocou o sensor disfarçado de ovo de tartaruga no ninho e assim puderam detectar atividade que indicava quando os filhotes de tartaruga emergiriam da areia e seguiriam em direção à água.

Filhotes sabem a hora de sair

Em meio ao estudo, os especialistas conseguiram identificar a forma curiosa como os filhotes sabem que é a hora de sair do ovo. Eles testaram o monitor TurtleSense durante as temporadas de nidificação de 2013 a 2018 na costa nacional de Cape Hatteras, na Carolina do Norte.

As praias de lá recebem uso recreativo pesado, incluindo veículos off-road em determinados pontos, e os pescadores também usam as praias. Por conta da lei de preservação, o fechamento de praias para proteger os ninhos de tartarugas causou diversos conflitos.

“Nosso objetivo era encontrar uma maneira de proteger as tartarugas e ainda permitir outros usos válidos da praia”, comentou a neurocientista.

Para monitorar os ovos, usaram um acelerômetro – um dispositivo que mede as vibrações em um sistema e a rapidez com que elas estão mudando. O acelerômetro estava conectado a um microprocessador em uma placa de circuito muito pequena, que, por sua vez, estava embutida em uma bola de plástico do tamanho de um ovo de tartaruga – quase tão grande quanto uma bola de pingue-pongue.

“Enterramos o monitor em 74 ninhos de tartarugas nas manhãs após a postura dos ninhos, abaixo dos 10 principais ovos. Um cabo conecta o sensor a uma pequena torre de comunicação a quatro metros dos ninhos. A torre transmite dados de movimento para torres de celular, permitindo que os pesquisadores monitorem remotamente a atividade nos ninhos.

Como os filhotes de tartaruga nascem sob a areia, os cientistas acreditam que eles podem usar pistas de temperatura para cronometrar o momento certo de sair. As vibrações das tartaruguinhas têm um papel importante na comunicação entre elas.

Pipoquinhas estourando na areia

A sincronia desta “dança de vida” é comparável ao milho estourando em óleo fervente. Quando os grãos de pipoca são aquecidos uniformemente, todos começam a estourar mais ou menos ao mesmo tempo, mas não completamente de maneira simultânea.

“Da mesma forma, em um ninho de tartaruga marinha, quando a temperatura está certa e a atividade de movimento cessa, acreditamos que esse silêncio final pode sinalizar para as tartarugas bebês que todos os seus irmãos eclodiram e é hora de deixar o ninho”, explicou.

E os dados do sensor detectou justamente a atividade de eclosão nos ninhos, observando que as tartarugas eclodem em ondas, acalmando e depois se movendo juntas, em aparentemente sincronia.

O sistema também pode detectar ninhos inférteis, que mostrarão ausência de atividade de eclosão. Saber que um ninho é infértil permite que os monitores se concentrem em outro lugar.

Além de ajudar as tartarugas marinhas a sobreviver neste primeiro contato direto com o mundo externo, os pesquisadores querem também incluir cada vez mais a população, para que todos possam inclusive participar da observação deste fenômeno encantador.

“Esta pesquisa nos permitiu vislumbrar eventos de desenvolvimento inéditos no início da vida das tartarugas marinhas e levantou questões interessantes sobre como os animais podem processar vibrações e potencialmente usá-las para se comunicar”, concluiu Erin Clabough.

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