EUA pressiona para que Bolsonaro assine declaração sobre meio ambiente
Documento está em negociação, e governo Biden espera contar com a assinatura do Brasil, um dos mais importantes países na matéria
atualizado
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Como parte dos resultados esperados para a 9ª Cúpula das Américas, os Estados Unidos querem assinar uma declaração com compromissos na área ambiental e contar com o apoio do Brasil. A declaração foi comentada pelo encarregado de negócios da embaixada americana no Brasil, Douglas Koneff.
“Há várias declarações que serão abordadas durante a Cúpula das Américas. Há uma sobre um futuro verde, há uma sobre energia limpa. Os Estados Unidos vão assinar todas essas declarações, e esperamos que todos os outros países também”, disse Koneff em conversa com jornalistas brasileiros na sexta-feira (3/6), na sede da embaixada, em Brasília (DF).
Koneff disse ainda que vai ser discutido como os países das Américas podem avançar regionalmente nos compromissos de Glasgow em matéria de florestas e uso da terra. O Brasil foi um dos signatários dessa declaração na COP26.
O documento previsto para ser assinado na cúpula, no entanto, é objeto de resistência por parte do governo brasileiro, segundo o colunista do UOL Jamil Chade. A gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo ele, estaria achando os compromissos “complicados”. Sem o Brasil, no entanto, o trecho sobre meio ambiente não faria sentido.
Com o tema “Construindo um futuro sustentável, resiliente e equitativo” para o hemisfério ocidental, a edição de 2022 pode acabar esvaziada, porque os Estados Unidos não convidaram países comandados por regimes de esquerda tidos como ditatoriais, a exemplo de Cuba, Venezuela e Nicarágua. A Casa Branca considera fraudulentas as eleições que ocorreram nessas nações e se opõe a seus governos.
Como consequência da exclusão desses países, México, Argentina, Honduras e Bolívia ameaçaram também não comparecer ao evento. O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, foi o primeiro a se opor à exclusão das nações vizinhas, e atrelou seu comparecimento ao convite a todas as nações do continente.
Apesar da ameaça, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, confirmou sua participação na última semana. Segundo a agência de notícias AFP, em seguida o líder argentino recebeu ligação de Biden, e os dois conversaram por cerca de 25 minutos. Fernández foi, inclusive, convidado a visitar Washington em julho, de acordo com comunicado da Casa Branca.
A cúpula teve início nesta segunda-feira (6/6) em Los Angeles, na Califórnia. Bolsonaro vai embarcar para os EUA na quarta (8/6).
Bilateral Biden-Bolsonaro
Bolsonaro ainda deve se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden, na quinta-feira (9/6), no mesmo local da cúpula. A expectativa no Planalto é que a conversa dure entre 40 e 50 minutos.
Segundo o colunista do Metrópoles Igor Gadelha, o Itamaraty sugeriu a Bolsonaro que aborde com Biden temas como comércio e investimentos, cadeiras regionais de valor, energia, mineração, desenvolvimento sustentável, defesa e fertilizantes.
Diplomatas envolvidos na preparação da viagem explicaram à coluna que a lista dos temas é apenas sugerida ao Planalto, mas a decisão final será do presidente.
Da parte da Casa Branca, os possíveis assuntos devem ser insegurança alimentar, resposta econômica à pandemia, saúde, segurança sanitária e mudanças climáticas.
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