Corais impressos em 3D são usados para salvar recifes de extinção
Cientistas fizeram testes usando plástico biodegradável e peixes se adaptaram bem. Estrutura pode virar “lar temporário” em mar aberto
atualizado
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Vítimas de desastres naturais sempre têm de lidar com a devastação dos locais onde moram. Moradores dessas áreas geralmente perdem as casas, até que os locais sejam reparados ou reconstruídos. Mas como seria essa realidade para seres vivos que habitam recifes de corais? Cientistas em todo o mundo buscam formas de ajudar essa “comunidade”, e uma delas foi a impressão em 3D de corais para substituir ou complementar os sistemas de recifes afetados por eventos climáticos, ajudando os animais que dependem deles.
Novas pesquisas realizadas na Universidade de Delaware, nos Estados Unidos, demonstraram que as peças em 3D não afetaram o comportamento dos peixes-boi usados nos testes, nem à sobrevivência de um coral pedregoso ao qual foi acoplado. De acordo com o estudo, peixes não mostraram preferência entre os materiais utilizados para imprimir corais artificiais em 3D, abrindo a porta para o uso de materiais ecológicos, como amido de milho biodegradável em vez de plástico.
A ideia é que os falsos corais sejam colocados nos habitats enquanto os corais verdadeiros se recuperam de fenômenos como o branqueamento, que ocorre por conta das temperaturas da água cada vez mais quentes. Essas “casas” emergenciais vão ajudar os peixes a se protegerem de predadores e se alimentarem, até que o ecossistema seja restabelecido.
“Se os peixes em um recife não usarem os modelos de corais impressos em 3D como habitat na natureza, eles podem estar em maior risco de predação por outras espécies maiores”, disse Dixson, professor associado da Escola de Ciências e Políticas Marinhas do Oceano e Meio Ambiente. “Se as larvas de coral não se assentarem em materiais impressos em 3D, elas não podem ajudar na reconstrução do recife”, esclareceu.
Lar temporário e o melhor uso de plástico
Os modelos de coral em 3D foram feitos replicando um esqueleto de coral por meio de 50 imagens de todos os ângulos da estrutura. Os pesquisadores imprimiram quatro modelos diferentes de corais artificiais a partir de filamentos de baixo custo e amplamente disponíveis, incluindo poliéster e dois materiais biodegradáveis, um feito de amido de milho e outro, de amido de milho combinado com pó de aço inoxidável.
Os pesquisadores colocaram um peixe-boi em um tanque carregado com o esqueleto de coral e as quatro opções de habitat artificial, conhecido como experimento de escolha no estilo de cafeteria, e estudaram se o peixe preferia um habitat a outro. Ele se adaptou bem a todas as estruturas, que devem ser testadas em breve em mar aberto.
“A oferta de habitats impressos em 3D é uma maneira de fornecer aos organismos de recife um kit estrutural inicial que pode se tornar parte da paisagem à medida que peixes e corais constroem suas casas em torno do coral artificial”, explicou Danielle Dixson, uma das biológas que lidera a pesquisa. Como os materiais que usaram são biodegradáveis, o coral artificial se degradaria naturalmente com o passar do tempo, à medida que o coral vivo cresce.
A pesquisa destaca que, com preocupações crescentes sobre a poluição plástica no ambiente marinho, estas são “evidências oportunas que podem apoiar decisões ambientalmente conscientes sobre o que é colocado no oceano.”