Baterias de carros elétricos devem causar nova crise de poluição
Cientistas alertam que o processo de reciclagem das baterias não acompanha o ritmo de produção dos veículos e precisa ser revisto
atualizado
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Aclamados como uma das principais tecnologias na luta contra as mudanças climáticas, os carros elétricos podem gerar uma nova crise de poluição no mundo, alertam cientistas em um estudo publicado nesta quinta-feira (07/11/2019) pela Universidade de Birmingham. Segundo a pesquisa, feita no Reino Unido, as baterias descartadas estão criando uma enorme montanha de resíduos e a tecnologia de reciclagem delas não acompanha o ritmo de produção desses veículos.
Os cientistas registraram toneladas de resíduos de baterias não processadas que estão se acumulando no meio ambiente e liberando substâncias químicas potencialmente perigosas. O estudo destaca que é necessário, urgentemente, ação de governos e indústrias “para desenvolver um plano de reciclagem robusto que possa atender as necessidades futuras”.
Dr. Gavin Harper, autor do estudo, disse que, sem um grande desenvolvimento de tecnologia de reciclagem, um milhão de carros elétricos vendidos em 2017 produzirá 250 mil toneladas de resíduos de baterias. Acrescentou que o desafio, no entanto, não é direto, pois há uma enorme variedade na química, forma e design das baterias de íon-lítio usadas pelos veículos elétricos.
Na reciclagem com eficiência, praticamente tudo pode ser reutilizado. “As células individuais são formadas em módulos, que são então montados em baterias. Para reciclá-los eficientemente, eles devem ser desmontados e os fluxos de resíduos resultantes, separados. Além do lítio, essas baterias contêm vários outros metais valiosos, como cobalto, níquel e manganês, que podem ser reutilizados”, destacou.
Uma análise da Faraday Institution, o instituto independente do Reino Unido para pesquisa de armazenamento de energia eletroquímica, destaca que a demanda por baterias de veículos elétricos pode ser uma oportunidade para o país. Somente para a região será necessária a construção de ao menos oito fábricas até 2040, para atender a demanda. Segundo o Dr. Harper, o Reino Unido precisará desenvolver fontes de suprimento para os materiais críticos necessários para essas baterias e o material reciclado poderá desempenhar um papel importante.
O professor Andrew Abbott, da Universidade de Leicester, que colaborou com a pesquisa, ressalta que a eletrificação de apenas 2% da atual frota mundial de carros representaria uma linha de carros que poderiam se estender pela circunferência da Terra. “Serão cerca de 140 milhões de veículos”, alertou. Reciclar, segundo ele, é evitar um “fardo enorme” em aterros sanitários, além de garantir o suprimento de materiais críticos necessários para a produção futura de baterias.
Os especialistas são unânimes sobre o pensamento de que a indústria precisa de métodos rápidos de reparo e reciclagem, principalmente por que o armazenamento em larga escala de baterias elétricas é potencialmente inseguro.