Austrália: fumaça de incêndios fará circuito completo pela Terra
Em 8 de janeiro deste ano, a Nasa detectou que as nuvens de fumaça já haviam percorrido “metade do planeta”, afetando a qualidade do ar
atualizado
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Cientistas da agência espacial americana (Nasa) alertam que, possivelmente, a fumaça dos incêndios na Austrália deve fazer ao menos um “circuito completo” ao redor do planeta. A observação foi feita usando satélites que analisam a fumaça e os aerossóis provenientes do fogo que devastam o país.
Os especialistas da Nasa estudam as plumas de fumaça desde o final de dezembro de 2019. Em 8 de janeiro deste ano detectaram que elas haviam percorrido “a metade da Terra”, atravessando a América do Sul e causando céus nebulosos, além de nascer e pôr do sol de cores intensas. O fenômeno afetou a qualidade do ar em outros países.
Cientistas da Nasa acrescentaram que o produto das chamas já causa “graves problemas na qualidade do ar” na Nova Zelândia, além do escurecimento da neve das montanhas do país. A CNN informou no início deste mês que as geleiras Fox e Franz Josef, na Nova Zelândia, ficaram “marrons”, como resultado da fumaça e das cinzas dos incêndios florestais australianos.
Tempestade de fumaça
As condições sem precedentes levaram à formação de um número incomum de eventos chamados pirocumulonimbus (pyrCbs), que são tempestades induzidas pelo fogo.
Eles são acionados pelo aumento de cinzas, fumaça e material queimado através de correntes de ar superaquecidas.
De acordo com a Nasa, à medida que esses materiais esfriam, formam-se nuvens que se comportam como tempestades tradicionais, mas sem a precipitação que a acompanha.
Os eventos PyroCb fornecem um caminho para que a fumaça atinja a estratosfera a mais de 16km de altitude. Uma vez na estratosfera, a fumaça pode viajar milhares de quilômetros a partir de sua fonte, afetando as condições atmosféricas globalmente.
Ao menos 28 mortos
A Austrália está sendo devastada pelos piores incêndios florestais vistos em décadas, com grandes áreas do país queimadas pelo fogo desde o início da temporada de incêndios, no final de julho.
Ao menos 28 pessoas morreram em todo o país. Somente no estado de Nova Gales do Sul (NSW), mais de 3 mil casas foram destruídas ou danificadas.
O fenômeno foi agravado seriamente pelo calor e seca persistentes, e muitos apontam as mudanças climáticas como um fator que faz com que os desastres naturais sejam ainda piores.
Near Franz Josef glacier. The “caramelised” snow is caused by dust from the bushfires. It was white yesterday pic.twitter.com/Ryqq685Ind
— Fabulousmonster (@Rachelhatesit) December 31, 2019