Após 33 anos, Japão retoma caça comercial de baleias oficialmente
O país não praticava a caça comercial desde 1986. Pescas “científicas”, no entanto, sempre terminavam com a carne do animal em peixarias
atualizado
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Alegando que poucas espécies estão ameaçadas de extinção, o Japão iniciou, nesta segunda-feira (01/07/2019), a primeira expedição de caça comercial de baleias. Após mais de 33 anos, o país asiático decidiu retomar a atividade oficialmente, considerada pelos mais nacionalistas como uma importante tradição multissecular. Em dezembro do ano passado, já havia deixado a Comissão Internacional das Baleias (IWC, na sigla em inglês).
Os primeiros barcos partiram do porto de Kushiro, cerca de cinco navios pequenos. A Agência Pesqueira do Japão informou que a frota capturará 227 baleias: 52 da espécie Minke, 150 de rorcual Bryde e 25 de rorcual comum. Acrescentou que não serão capturadas baleias em águas do oceano Antártico nem do hemisfério sul. Instituições de defesa dos animais veem com preocupação a retomada da pesca em grande escala. “Este é um dia triste para a proteção às baleias em todo o mundo”, afirmou Nicola Beynon, da Humane Society International, uma das maiores organizações do mundo em defesa dos animais.
Mesmo quando era integrante da IWC, o Japão nunca deixou de caçar baleias, se aproveitando de uma falha na moratória de 1986, que autoriza a captura dos animais para fins científicos. Nas últimas décadas, a atividade descontrolada e ilegal era descaradamente disfarçada pelos japoneses como “pesquisa”. A lateral de vários navios levava a palavra impressa, mas o destino da carne dos espécimes sempre era peixarias das cidades.
O Japão foi membro da Comissão Internacional da Baleia desde 21 de abril de 1951, e até agora tinha respeitado, de certa forma, a moratória na caça comercial da baleia estipulada em 1982. A organização foi criada há sete décadas para garantir a preservação desses cetáceos e impedir sua caça indiscriminada nos oceanos.
Grave problema ambiental
A caça predatória de baleias é um grave problema ambiental já que não se pode garantir que os métodos usados pelos pescadores as matem instantaneamente. Muitas baleias são atingidas por arpões, mas não capturadas, e acabam tendo uma morte sofrida e demorada. Segundo a Humane Society International, os mamíferos são inadequados para tentativas de uso sustentável, por serem lentas para se reproduzir e difíceis e caras de monitorar.
Em maio do ano passado, um relatório enviado à IWC apontou que os baleeiros mataram um total de 333 animais entre novembro de 2017 e março de 2018, período em que o grupo esteve no Polo Sul. Na caçada, 122 fêmeas estavam grávidas e 61 machos e 53 fêmeas ainda eram filhotes.
A Humane Society destaca ainda que várias populações de baleias continuam em perigo de extinção, incluindo as baleias francas do Atlântico Norte. Hoje, existem entre 300 e 400 espécimes e não há registro de baleias do tipo nascidas em 2018. Uma alternativa à caça seria o incentivo ao turismo de observação de baleias, uma indústria de US $ 2 bilhões, que atrai mais de 13 milhões de pessoas por ano, uma fonte de renda alternativa viável e ética.