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Agropecuária causa pelo menos 90% de todo o desmatamento nos trópicos

Estudo publicado nesta quinta-feira (8) na Revista Science é uma colaboração entre os principais especialistas em desmatamento do mundo

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Kamikia Kisedje/ WWF-Brasil
fotomostra uma área desmatada e uma área verde preservada em contraste
1 de 1 fotomostra uma área desmatada e uma área verde preservada em contraste - Foto: Kamikia Kisedje/ WWF-Brasil

Novo estudo publicado nesta quinta-feira (8/9) na revista Science aponta que entre 90% e 99% de todo o desmatamento nos trópicos é causado direta ou indiretamente pela agropecuária.

No entanto, apenas um total entre metade e dois terços disso de fato resulta em expansão da produção agrícola nas terras desmatadas. O estudo é uma colaboração entre muitos dos principais especialistas em desmatamento do mundo.

“Nossa análise deixa claro que entre 90 e 99 por cento de todo o desmatamento nos trópicos é causado direta ou indiretamente pela agropecuária, mas o que nos surpreendeu foi que uma parcela comparativamente menor do desmatamento – entre 45 e 65 por cento – resulta na expansão da produção agrícola real nas terras desmatadas”, apontam os autores do estudo.

Após uma análise dos melhores dados disponíveis, o novo estudo ainda mostra que a quantidade de desmatamento tropical causado pela agropecuária é superior a 80%. “Essa descoberta é de profunda importância para criar medidas eficazes para reduzir o desmatamento e promover o desenvolvimento rural sustentável”, ressalta Florence Pendrill, principal autora do estudo na Chalmers University of Technology, na Suécia.

Impacto da agropecuária

A agropecuária como principal motor de desmatamento tropical não é novidade. Entretanto, as estimativas anteriores da quantidade de floresta que foi convertida em terras agrícolas nos trópicos variavam muito – de 4,3 a 9,6 milhões de hectares por ano entre 2011 e 2015. As novas descobertas no estudo, por sua vez, reduzem esse intervalo para 6,4 a 8,8 milhões de hectares por ano.

Segundo Patrick Meyfroidt, professor da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, o problema é que muitas vezes o desmatamento é sem propósito.

“Embora a agropecuária seja o motor final, as florestas e outros ecossistemas são frequentemente desmatados para especulação de terras que vieram a ser usadas, projetos que foram abandonados ou mal concebidos, terras que se mostraram impróprias para o cultivo, bem como, devido a incêndios que se espalharam para florestas vizinhas a áreas desmatadas”, afirmou Meyfroidt.

O estudo ainda deixa claro que os commodities são responsáveis pela maior parte do desmatamento ligado à produção em terras agrícolas, sendo mais da metade ligada apenas a pastagens, soja e óleo de palma (dendê).

“Iniciativas setoriais para combater o desmatamento podem ter um valor inestimável, e novas medidas para proibir a importação de commodities ligadas ao desmatamento nos mercados consumidores – como as que estão em negociação na UE, Reino Unido e EUA – representam um grande passo para além dos esforços quase todos voluntários até agora para combater o desmatamento”, ponderou Toby Gardner, do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo e Diretor da iniciativa Trase.

Iniciativas necessárias

Sendo assim, os autores acreditam que medidas devem ser adotadas para ajudar a impulsionar parcerias entre produtores, mercados consumidores e governos, de forma a tornar a agropecuária sustentável mais economicamente atraente.

Por fim, o estudo destaca três lacunas importantes que precisam ser preenchidas para o planejamento de ações  de redução do desmatamento. A primeira delas é a criação de uma base de dados global sobre desmatamento.

A segunda é a coleta de dados sobre a cobertura e expansão de commodities específicas para saber quais são mais importantes. Já a terceira é um maior conhecimento sobre florestas tropicais secas e as florestas na África.

“O que é mais preocupante, dada a urgência da crise é que cada uma dessas lacunas de evidência impõe barreiras significativas à nossa capacidade de reduzir o desmatamento da maneira mais eficaz – sabendo onde os problemas estão concentrados, ou compreender o sucesso dos esforços até agora”, acrescentou Martin Persson, professor Chalmers University of Technology

A Declaração de Glasgow sobre Florestas reconheceu a importância de abordar conjuntamente as crises do clima e da perda de biodiversidade. Além disso, ela estabeleceu um novo nível de ambição para combater o desmatamento e promover a agropecuária sustentável. Os autores do estudo alertam sobre a importância dos países e formuladores de políticas priorizarem esses objetivos.

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