Medo e abandono na guerra: 6,5 milhões fugiram de casa na Ucrânia
Segundo a ONU, o fluxo de refugiados ucranianos avança muito mais rápido que os da guerra na Síria
atualizado
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O medo de se tornar alvo da guerra fez 6,5 milhões de pessoas abandonarem as próprias casas na Ucrânia. O volume equivale à população da cidade do Rio de Janeiro.
A agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou a estimativa nesta sexta-feira (18/3) e demonstrou preocupação com o êxodo. Ao menos 3,2 milhões de pessoas deixaram o país.
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Segundo a ONU, o fluxo de refugiados ucranianos avança muito mais rápido que os da guerra na Síria. Lá, o conflito expulsou cerca de 13 milhões de pessoas de casa.
Um dos exemplos do êxodo é Mariupol. Após massivos bombardeios, o governo ucraniano afirma que 80% das residências da cidade estão completamente destruídas. Somente nesta semana, 30 mil fugiram de lá. A cidade tinha, antes da guerra, quase meio milhão de habitantes.
Colapso
A Ucrânia e o mundo assistem atônitos ao rastro de destruição que os bombardeios russos têm provocado. A intensidade dos ataques está em uma escalada assombrosa. Hospitais, escolas, casas e até abrigos estão na mira das tropas.
Todo o país está devastado e ao menos quatro grandes cidades ucranianas estão em colapso. Faltam água, luz, aquecimento, comunicação (internet e telefone) e comida.
Enfrentam a situação mais dramática Kiev, capital e coração do poder; Kharkiv, a segunda maior cidade do país; Mariupol, que está sitiada há 10 dias e tem vivido ataques maciços; e Kherson, onde russos alegam ter tomado o poder.
Comida em falta
O fornecimento de alimentos está “desmoronando” na Ucrânia, segundo a ONU. O coordenador de emergências do Programa Mundial de Alimentos, Jakob Kern, fez alertas sobre a situação.
“A cadeia de abastecimento alimentar do país está desmoronando. Os movimentos de mercadorias desaceleraram devido à insegurança e à relutância dos motoristas”, explicou em entrevista coletiva em Genebra.
Ele também expressou preocupação com a situação em “cidades cercadas” como Mariupol, dizendo que os suprimentos de comida e água estavam acabando e que os comboios não conseguiram entrar na cidade.
“Com os preços globais dos alimentos em alta histórica, estamos preocupados com o impacto da crise da Ucrânia na segurança alimentar global, especialmente nos pontos mais preocupantes de fome”, disse ele, alertando para a “fome colateral” em outros lugares.
Acordo para paz
A Rússia fez a primeira sinalização formal de que um acordo de cessar-fogo pode ocorrer em breve. A guerra, iniciada em 24 de fevereiro, tem deixado um rastro de destruição na Ucrânia.
Nesta sexta-feira, após mais uma rodada de negociações, o representante do governo russo, Vladimir Medinsky, admitiu que o possível pacto de paz está “no meio do caminho”.
Questões sobre a neutralidade da Ucrânia e a exigência de que o país invadido não ingresse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) são as que estão mais alinhadas com a Rússia.
A autoridade russa disse ainda as duas nações discutem detalhes sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, caso ela desista de entrar na entidade militar coordenada pelos Estados Unidos, e a desmilitarização do país.