metropoles.com

Médico antivax se arrepende: “Temos tantas mortes na consciência”

O italiano Pasquale Bacco era líder de associação anti-vacina, mas a morte de um jovem de 29 anos por Covid o fez repensar suas certezas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Facebook/Reprodução
Pasquale Bacco, médico que era antivax e hoje luta pela vacinação contra a Covid-19
1 de 1 Pasquale Bacco, médico que era antivax e hoje luta pela vacinação contra a Covid-19 - Foto: Facebook/Reprodução

Por dois anos, o médico italiano Pasquale Bacco esteve à frente de uma associação que negava a eficácia de qualquer vacina contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Liderava passeatas e escrevia textos fortes contra a imunização. Respeitado por muitos e odiado por outros, uma experiência durante a tentativa de salvar um jovem da doença o fez mudar de opinião.

Em entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera, o ex-antivax se diz convencido de que a solução para a Covid-19 está nas vacinas. Não tem vergonha em dizer que estava errado e, agora, corre atrás do tempo perdido. Tudo após ver um rapaz de 29 anos morrer.

“Ele tinha em seu celular os vídeos dos meus comícios. A família me disse que ele era um fã meu. Não me falaram com raiva, pelo contrário, e isso me machucou ainda mais. Essa morte parece minha culpa. E a coisa ainda me incomoda hoje. Para mim, não era uma questão de credo. Quando vi a realidade com meus próprios olhos, percebi que estava errado”, afirmou Bacco.

9 imagens
A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem
Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente
Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada
Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes.  O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma
1 de 9

Diante do cenário de pandemia e da ampliação da dose de reforço, algumas pessoas ainda se perguntam qual é a importância da terceira dose da vacina contra a Covid-19

Istock
2 de 9

A dose de reforço deve ser administrada com um intervalo mínimo de quatro meses após o indivíduo completar o esquema vacinal inicial. A aplicação extra serve para aumentar a quantidade de células de memória e fortalecer, ainda mais, os anticorpos que elas produzem

Rafaela Felicciano/Metrópoles
3 de 9

Especialistas destacam que uma das principais medidas proporcionadas pela dose de reforço consiste na ampliação da resposta imune. A terceira dose ocasiona o aumento da quantidade de anticorpos circulantes no organismo, o que reduz a chance de a pessoa imunizada ficar doente

Tomaz Silva/Agência Brasil
4 de 9

Aos idosos e aos imunossuprimidos, a dose de reforço amplia a efetividade da imunização, uma vez que esses grupos não desenvolvem resposta imunológica adequada

Hugo Barreto/Metrópoles
5 de 9

Outra medida importante é a redução da chance de infecção em caso de novas variantes. O anticorpo promovido pela vacina é direcionado para a cepa que deu origem à fórmula e, nesse processo, as pessoas também produzem anticorpos que possuem diversidade. Quanto maior o alcance das proteínas que defendem o organismo, maior é a probabilidade que alguns se liguem à variante nova

Westend61/GettyImages
6 de 9

O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e membro do Comitê Técnico Assessor do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Renato Kfouri afirma que o esquema de mistura de vacinas de laboratórios diferentes é uma

Rafaela Felicciano/Metrópoles
7 de 9

Um estudo conduzido pela University Hospital Southampton NHS Foundation Trust, no Reino Unido, mostrou que pessoas que receberam duas doses da AstraZeneca tiveram um aumento de 30 vezes nos níveis de anticorpos após reforço da vacina da Moderna, e aumento de 25 vezes com o reforço da Pfizer

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
8 de 9

As reações à dose de reforço são semelhantes às duas doses anteriores. É esperado que ocorram sintomas leves a moderados, como cansaço excessivo e dor no local da injeção. Porém, há também relatos de sintomas que incluem vermelhidão ou inchaço local, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, febre ou náusea

Rafaela Felicciano/Metrópoles
9 de 9

Vale ressaltar que o uso de três doses tem o principal objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e o número de hospitalizações por Covid-19

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O médico conta que era jovem quando adotou a postura anti-vacina e notou que suas palavras chamavam a atenção de milhões. Ele diz conhecer todos os “mecanismos internos” dos grupos antivax, passando pela linguagem e, até, como pedir doações. “É por isso que eles agora me temem e querem que eu morra”, aponta.

Bacco se sente culpado e, por isso, pede perdão. “Mas esse perdão é inútil”, reconhece. “Temos tantas mortes na consciência. Temos sido grandes covardes, todos nós, os antivax. Um dia, seremos responsáveis ​​por essas coisas. Infelizmente”, confessa.

Ele dá exemplos dos discursos e das palavras que falava em voz alta e distribuía em grupos. Dizia que havia água de esgoto dentro das vacinas; que os caixões que chamaram a atenção do mundo todo ao desfilarem dentro de caminhões em Bérgamo, na Itália, estavam vazios; que a Covid não tinha matado ninguém. “Você perde a cabeça enquanto é uma pessoa racional”, continua.

Bacco lembra que os clientes particulares que o procuravam “se multiplicaram por mil”. “Para uma visita, eu poderia pedir qualquer quantia. Assim como eu, muitos profissionais. Há advogados que pedem dezenas de milhares de euros por recursos que já sabem que são vencidos. Um, por exemplo, fez oito ações coletivas e ficou milionário por causa do medo”, enumera.

O médico fala de uma “economia real do medo da vacina”. E que a mentalidade está infiltrada na política. “Nós éramos um grande eleitorado. Eu estava lá quando os políticos nos pagaram e nos pediram para falar algo sobre questões locais em cada praça”, acusa.

Agora, Bacco tenta remediar os próprios erros e busca fazer as pessoas enxergarem a importância da vacina. Foi vacinado, está suspenso da Ordem dos Médicos da Itália por seis meses e não pensa em entrar com recursos para desfazer a decisão do órgão. “Porque sinto que errei e aceito”, termina o especialista.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?