Manifestantes protestam contra a polícia após morte de jovem na França
Manifestantes foram às ruas nessa 3ª. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, informou que 31 pessoas foram presas durante os confrontos
atualizado
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A morte de um adolescente de 17 anos, baleado por um policial durante uma parada de trânsito na terça-feira (27/6), provocou uma onda de protestos em Nanterre, subúrbio do oeste de Paris, França. Em um dos vídeos que circulam pela internet, manifestantes soltam fogos de artifício contra a polícia.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, informou que 31 pessoas foram presas durante os confrontos em que cerca de 40 carros foram incendiados na noite de terça. Ele acrescentou a mobilização de 2 mil agentes para lidar com qualquer nova violência nesta quarta-feira (28/6).
Imagens que circulam nas redes sociais mostram momento em que manifestantes soltam fogos de artifício e atiram pedras na direção da tropa de choque da polícia, que disparou gás lacrimogênio contra a multidão.
Veja confronto com fogos de artifício:
A onda de protestos começou após a confirmação da morte de um adolescente de 17 anos, vítima de uma suposta violência policial. Identificado apenas como Naël M., o jovem foi parado por dois policiais na terça por infrigir leis de trânsito. Os disparos acertaram a cabeça e o tórax da vítima.
Uma versão inicial da polícia alega que o agente atirou no jovem depois dele avançar com o carro em direção aos policiais. No entanto, essa declaração foi desmentida após uma filmagem mostrar os dois policiais ao lado do carro, que estava parado, apontando uma arma para o motorista.
Nesse vídeo, é possível escutar uma voz: “Você vai levar uma bala na cabeça”. Momentos depois, o policial parece atirar à queima-roupa no adolescente. Após o disparo o carro avança um pouco antes de bater. Naël não resistiu aos ferimentos e morreu no local.
O autor dos disparos é um policial de 38 anos. No momento, ele está sob investigação por homicídio culposo. Darmanin afirmou que o policial foi preso para esclarecer as circunstâncias da “tragédia”.
A promotoria abriu, nessa terça, uma investigação contra o policial e a Inspeção-Geral da Polícia Nacional (IGPN) da França também deve apurar o incidente.
Insatisfação nacional
O atacante do Paris Saint-Germain Kylian Mbappé escreveu nas redes sociais que a morte do adolescente é “uma situação inaceitável”. “Todos os meus pensamentos vão para a família e entes queridos de Naël, este anjinho que partiu cedo demais”, lamentou Mbappé.
O ator Omar Sy também lamentou a morte do adolescente Naël. “Espero que a justiça digna desse nome honre a memória desta criança”, escreveu no Twitter.
A líder do Partido Verde, Marine Tondelier, disse em entrevista que o “problema do racismo na polícia” terá que ser abordado com seriedade pela sociedade francesa. “Nem toda polícia é racista. Mas nem todo mundo é morto por não obedecer”, declarou.
Em nota, o partido disse que a morte de Naël não é um “caso isolado”. Eles relatam que “estamos vendo um aumento desses casos, visando pessoas racializadas”.
Pedido de calma
O presidente da França, Emmanuel Macron, disse, nesta quarta, que a população precisa nesse momento de “respeito e calma”. “Compartilhamos a emoção e a dor da família e entes queridos do jovem Naël. Quero transmitir-lhes a nossa solidariedade e o carinho da Nação”, escreveu no Twitter.