Mais longo eclipse lunar é visto no Brasil e no mundo. Veja fotos
Cerca de duas mil pessoas se reuniram entre na Praça dos Três Poderes para assistir ao fenômeno no Distrito Federal
atualizado
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Pessoas ao redor de todo o mundo ficaram com os olhos atentos no céu para acompanhar o mais longo eclipse lunar do século 21. Foram quase quatro horas de umbra, quando a Terra, o sol e a lua se alinharam, mas o planeta ficou entre eles, criando uma sombra. Observadores em alguns países da África, como o Egito, e em certas localidades na Grécia, como Poseidon, conseguiram ver o fenômeno quase que completamente. Na Europa, o satélite natural ganhou coloração vermelha durante a noite.
Duas mil pessoas se reuniram, na tarde desta sexta-feira (27/7), para observar o raro fenômeno astronômico do eclipse da “lua de sangue”. Para ver mais de perto a sombra da Terra cobrindo o satélite natural, os brasilienses se organizaram em longas filas pelos telescópios e lunetas espalhados por clubes de astronomia pela Praça dos Três Poderes.
Antes mesmo das 17h, com o sol ainda alto no céu, os curiosos por uma visão privilegiada começaram a chegar à praça. Famílias inteiras compareceram ao local, e grande parte do público era formado por crianças que viram a lua se apagando no céu pela primeira vez.
Membro do Clube de Astronomia de Brasília, Saulo Nogueira Figueiredo aguardou com ansiedade pelo fenômeno. O grupo montou o maior telescópio do DF, batizado de “Olhão”, para que o público pudesse enxergar a lua pelo menos 300 vezes maior. O equipamento utiliza um conjunto sofisticado de lentes e espelhos, e foi um dos mais disputados no ponto de observação no centro de Brasília.
“Hoje, reuniram-se as condições perfeitas para o eclipse. O sol, a Terra e a lua estão alinhados, e a lua vai ser coberta pela penumbra da Terra. Ela ficou assim, vermelha, porque essa é a luz menos filtrada na atmosfera”, explicou o astrônomo amador.
Professora de ciências em uma escola particular, Maísa Almeida, 33 anos, levou os dois filhos para assistirem a um eclipse pela primeira vez. “Eu acho importante que eles vejam. Primeiro, porque é bonito; segundo, é uma ótima oportunidade para explicar a eles o que está acontecendo e ver se, assim, se interessam um pouco mais pelo assunto”.
Entenda o fenômeno
O professor Paulo Bretones, do Departamento de Metodologia de Ensino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), explica que eclipses lunares só acontecem na fase cheia da Lua, quando ela penetra na sombra em forma de cone que a Terra projeta no espaço.
“Imagine que o Sol está no centro de uma mesa, com a Terra girando em torno dele nesse mesmo plano. A Lua também está girando em torno da Terra, mas o plano de sua órbita é inclinado um pouco mais de 5 graus em relação à face da mesa. Embora a Terra projete sempre a sua sombra não a percebemos porque geralmente a Lua passa acima ou abaixo dela”, explica Bretones. “Assim, quando a Lua cruza o plano da órbita da Terra e, além disso, o Sol, a Lua e a Terra ficam alinhados, ocorre um eclipse lunar.”
Ao passar entre o Sol e a Lua, a Terra produz uma sombra escura sobre o disco lunar – a umbra – e a penumbra, que é uma região cinzenta. Só quando a Lua está completamente mergulhada na umbra se considera que há um eclipse total em curso. O eclipse parcial ocorre quando só uma parte da Lua está na umbra. E o eclipse penumbral acontece quando só se vê a Lua coberta pela penumbra.