Mais de US$ 2 bilhões foram lavados por meio da Binance, diz agência
Maior corretora de criptomoedas do mundo teria sido usada para lavar dinheiro por hackers, traficantes e outros criminosos
atualizado
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Investigação publicada pela agência Reuters revela que a Binance, maior corretora de criptomoedas do Brasil e do mundo, serviu como lavagem para um total de ao menos US$ 2,3 bilhões (o equivalente a R$ 11,7 bilhões na cotação atual) decorrentes de hacks, fraudes de investimento e vendas de drogas ilegais, entre 2017 e 2021.
O cálculo foi feito com base em registros judiciais, declarações de autoridades e dados de blockchain. Dois especialistas do setor revisaram os dados e confirmaram o número.
À Reuters, a Binance alegou imprecisão dos dados, mas se recusou a fornecer os próprios números. O diretor de comunicações da exchange, Patrick Hillmann, afirmou que a corretora está construindo “a equipe forense cibernética mais sotisticada do mundo”.
Para fazer o levantamento, a agência entrevisou pesquisadores, autoridades policiais e vítimas em uma dúzia de países, inclusive na Europa e nos Estados Unidos.
Em setembro de 2020, por exemplo, um grupo de hackers norte-coreano conhecido como Lazarus teria usado a Binance para lavar US$ 5,4 milhões (R$ 27 milhões) roubados de uma pequena exchange eslovaca. A ação fez uma parte de uma série de ataques cibernéticos que, segundo Washington, tinha como objetivo financiar o progama de armas nucleares da Coreia do Norte.
No Brasil, o Metrópoles já detalhou, somente neste ano, ao menos dois casos em que hackers roubaram dinheiro por meio da Binance.
Em abril, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou o bloqueio de recursos da Binance e do banco digital Capitual após um hacker invadir a conta de uma mulher de 73 anos, aposentada, e furtar R$ 250 mil, fruto de herança.
No total, foram bloqueados R$ 500 mil do Capitual, uma vez que não foram encontrados recursos junto ao CNPJ da B Fintech, empresa brasileira do mesmo grupo econômico da Binance. O tribunal também mapeou dois automóveis Porsche, avaliados em quase R$ 1,5 milhão, do Capitual, caso sejam necessárias novas medidas judiciais.
A Binance também foi condenada a pagar R$ 41.238,18 a um auditor do Tribunal de Contas de São Paulo (TCESP) que perdeu todo o dinheiro alocado na exchange após ser vítima de um suposto hacker. O caso foi parar na Justiça pois a Binance se negou a ressarcir o cliente.
Em um primeiro momento, a corretora lamentou o ocorrido, disse que não poderia fazer nada para recuperar o dinheiro e afirmou, em inglês: “Please, be careful next time” (“Por favor, tenha cuidado da próxima vez”, em tradução livre). O valor só foi pago após decisão do juiz de direito Luis Carlos Maeyama Martins, da comarca de São Pedro (SP).
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