Mais de mil pessoas protestam no Irã contra execuções na Árabia Saudita
Durante o protesto, os manifestantes gritavam “morte a Al-Saud”, o nome da família governante em Riade, e queimaram bandeiras norte-americanas e israelenses
atualizado
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Mais de mil pessoas protestaram neste domingo (3/1), em dois locais de Teerã, no Irã, contra a execução do líder religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr.
Manifestantes concentraram-se perto da Embaixada da Arábia Saudita, apesar da interdição do governo para evitar novos incidentes, após o ataque ao prédio ocorrido à noite. O edifício que foi parcialmente queimado.
As forças antimotim conseguiram impedir os manifestantes de se aproximar da representação diplomática saudita em Teerã.Durante o protesto, os manifestantes gritavam “morte a Al-Saud”, o nome da família governante em Riade, e queimaram bandeiras norte-americanas e israelenses. Presente no local, o chefe da polícia de Teerã pediu aos manifestantes para se dispersarem.
Ao mesmo tempo, entre 300 e 400 pessoas reuniram-se na Praça Palestina para contestar a execução do clérigo xiita saudita, também gritando palavras de ordem contra o regime de Riade, os Estados Unidos e Israel. Segundo a AFP, ocorreram também manifestações em outras cidades iranianas.
Mártir
A morte do líder religioso xiita provocou violentos protestos contra a Embaixada da Arábia Saudita em Teerã e o líder supremo do Irã, o ayatollah Ali Khamenei, já advertiu que a Arábia Saudita vai sofrer uma “vingança divina” pela execução de “um mártir” que foi morto “injustamente”.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse estar “profundamente consternado” com a execução de 47 pessoas na Arábia Saudita e apelou à calma nas reações à morte do líder religioso xiita, segundo o porta-voz da ONU.
Nimr al-Nimr, que passou mais de uma década estudando teologia no Irã e foi o impulsionador dos protestos xiitas contra o governo saudita desde 2011, foi um dos 47 xiitas e sunitas executados no sábado (2) na Arábia Saudita.
O Ministério do Interior da Arábia Saudita afirmou, no sábado, em comunicado, que as 47 pessoas executadas tinham sido condenadas por terem adotado a ideologia radical takfiri, juntando-se a “organizações terroristas”.
Estas foram as primeiras execuções de 2016 na Arábia Saudita, um país ultraconservador que executou 153 pessoas em 2015, segundo uma contagem feita pela agência France Presse (AFP) com base em números oficiais.