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Mais de 600 parlamentares franceses repudiam acordo UE-Mercosul

As negociações da UE com o Mercosul foram retomadas nos últimos meses sob o impulso de estados-membros como Alemanha e Espanha

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Mais de 600 parlamentares franceses de várias formações políticas afirmaram nesta terça-feira (12/11), em uma mensagem à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a sua oposição ao projeto de acordo de livre comércio UE-Mercosul, que poderá ser assinado no G20 nos dias 18 e 19 de novembro.

A França tornou-se o principal opositor europeu a um acordo de livre comércio com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia), alegando que o documento não protege adequadamente os agricultores da União Europeia (UE).

“Não imaginamos, senhora presidente, que possa tomar a iniciativa de votar no Conselho e no Parlamento contra a expressão democrática da quase unanimidade dos parlamentares franceses”, escrevem deputados e senadores de vários grupos parlamentares.

“Também não concebemos que a Comissão e o Conselho se esqueçam da oposição da França, o grande país fundador da União”, acrescentam. Os parlamentares alertam ainda que “tal situação geraria, sem dúvidas, uma deflagração democrática no nosso país, que já está sob a ameaça política do populismo anti-europeu”.

A ministra francesa da Agricultura, Annie Genevard, disse no domingo que estava convencida de que este acordo de livre comércio “não será assinado” na cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Para os parlamentares que assinaram a carta, a França estabeleceu “três condições para a assinatura do acordo: não aumentar o desmatamento importado na União Europeia, adaptar o tratado ao Acordo de Paris sobre o clima e estabelecer medidas espelhadas em questões sanitárias e ambientais. Claramente essas condições não são atendidas”, afirmam.

Este acordo de livre comércio, “que prevê a abertura de cotas adicionais sem direitos aduaneiros ou com taxas reduzidas para carne bovina, aves, milho, açúcar e etanol, seria adotado em detrimento dos produtores e dos pecuaristas europeus, em um contexto de distorções da concorrência e de ‘ingenuidade culposa’ com a ausência de controles sobre produtos importados”, sublinham os signatários.

As negociações da UE com o Mercosul foram retomadas nos últimos meses sob o impulso de Estados-membros como Alemanha e Espanha.

A perspectiva de um acordo provoca a indignação dos sindicatos agrícolas franceses, que anunciam manifestações para meados de novembro.

Macron visita Argentina antes do G20

O presidente francês, Emmanuel Macron, visitará Buenos Aires no fim de semana para manter “um diálogo exigente” sobre o clima com o presidente argentino, Javier Milei, antes de participar da cúpula do G20 em 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, anunciou a Presidência francesa nesta terça-feira (12).

Como parte da viagem pela América Latina, Macron visitará o Chile nos dias 20 e 21 de novembro, onde passará por Santiago e Valparaíso, segundo a Presidência francesa.

“Esta viagem ao continente americano acontece após a visita de Estado realizada em março passado ao Brasil e marcará uma nova etapa no relançamento da nossa parceria com a região”, explicou o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

Leia outras reportagens como esta na RFI, parceira do Metrópoles.

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