Magnata ucraniano promete reconstruir Mariupol, devastada pela guerra
Em entrevista à agência internacional de notícias Reuteurs, Akhmetov defendeu a soberania de Mariupol e elogiou a resistência das tropas
atualizado
Compartilhar notícia
O homem mais rico da Ucrânia, o empresário Rinat Akhmetov, prometeu reconstruir Mariupol. A cidade está sitiada há mais de 40 dias e tem sofrido bombardeios massivos. Tropas russas já dominam as áreas urbanas e querem tomar o controle total.
Neste sábado (16/4), em entrevista à agência internacional de notícias Reuteurs, Akhmetov defendeu a soberania de Mariupol e elogiou a resistência das tropas ucranianas na cidade.
“Mariupol é uma tragédia global e um exemplo global de heroísmo. Para mim, tem sido e será sempre uma cidade ucraniana”, frisou.
Ele concluiu: “Acredito que os nosso corajosos soldados vão defender a cidade, embora compreenda o quão difícil e duro isso é para eles.”
Akhmetov é o dono da Metinvest, a maior produtora de aço da Ucrânia. O empresário é também proprietário do grupo financeiro e industrial SCM e da energética DTEK. Um império que tem vindo a ser crescentemente desgastado pela guerra.
A revista Forbes avaliou a fortuna de Akhmetov em 2013 na ordem de US$ 14,5 bilhões (cerca de R$ 68 bilhões).
Invasão
O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, anunciou que tropas do país tomaram toda a área urbana de Mariupol.
Na tarde deste sábado (16/4), segundo comunicado divulgado pela agência russa de notícias RIA, “alguns soldados ucranianos ainda estariam ocupando uma fábrica na periferia da cidade”.
Pressionando pela rendição de militares em Mariupol, o líder separatista pró-Rússia de Donetsk, Denis Pushilin, ameaçou “eliminar” todos os soldados na cidade casa continuem impedindo o avanço das tropas russas.
Neste sábado, Pushilin afirmou que a tomada da cidade parece mais próxima. Contudo, ainda há forças ucranianas resistindo.
“Os membros do exército regular, como os fuzileiros, que estavam preparados para se render, renderam-se. Já os nacionalistas, ou seja, os membros do batalhões nacionalistas, parecem não ter intenção de se renderem. É por isso que serão eliminados”, frisou Pushilin em Mariupol.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em entrevista ao portal de notícias Ukrainska Pravda, classificou a situação na cidade como “muito difícil”.
“Nossos soldados estão bloqueados, os feridos estão bloqueados. Há uma crise humanitária… No entanto, eles estão se defendendo”, frisou.
O presidente ucraniano acrescentou. “A eliminação dos nossos militares, dos nossos homens [em Mariupol], colocará fim a qualquer negociação [de paz]”, destacou.
Nos últimos dias, Moscou anunciou a rendição de mais de mil combatentes ucranianos em Mariupol. O que foi negado pelas autoridades ucranianas.
A cidade portuária vive o recrudescimento dos combates, onde tropas russas e ucranianas se enfrentam pelo controle do local.
Na sexta-feira (15/4), a Rússia admitiu que usou mísseis de longo alcance para atacar. É a primeira vez que esse tipo de armamento é usado na cidade. A informação foi divulgada pelo porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, Oleksandr Motuzyanyk.
A versão do governo ucraniano é de que as forças russas ainda não conseguiram tomar completamente o controle de Mariupol. A Rússia diz o inverso. As autoridades de Mariupol acusam as tropas russas de exumar os corpos de civis.
Cidade em colapso
Enquanto uma trégua fica cada vez mais improvável, autoridades ucranianas acusaram o exército russo de matar 21 mil pessoas em Mariupol, cidade portuária sitiada há mais de 40 dias.
Segundo a prefeitura, 90% dos prédios foram danificados e 40%, destruídos, incluindo hospitais, escolas, creches e fábricas.
Sob ataques constantes e em colapso, Mariupol é o último grande centro ucraniano a resistir na faixa entre a Crimeia e o território russo.
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possibilidade como uma ameaça à sua segurança. Sob essa alegação, invadiu o país liderado por Zelensky, em 24 de fevereiro. A guerra completa, nesta sexta, 51 dias.
Represália
A represália russa contra os ataques ucranianos ao seu território começa a deixar um rastro de destruição ainda maior no Leste Europeu. Ao menos cinco cidades já confirmaram mortos nas últimas horas.
Sirenes de alerta, principal aviso de risco de bombardeio, foram acionadas em diversas cidades, entre elas Kiev, a capital, Lviv e Mykolayv.
A tensão no Leste Europeu voltou a subir após novos ataques ucranianos contra o território russo. O país liderado por Vladimir Putin, que havia prometido trégua a Kiev, sinalizou que vai voltar a bombardear a capital.
A escalada da violência também é influenciada pelo naufrágio do navio militar Moskva, maior embarcação de guerra russa no Mar Morto. A Ucrânia reivindicou o ataque.