Maduro, da Venezuela, e Ortega, da Nicarágua, declaram apoio a Putin
Crise geopolítica no Leste Europeu tem deixado comunidade internacional em alerta para o risco de uma possível guerra entre Rússia e Ucrânia
atualizado
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (foto em destaque), e o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, declararam, nesta quarta-feira (23/2), apoio ao presidente russo, Vladmir Putin, na investida militar contra a Ucrânia. A crise geopolítica no Leste Europeu tem deixado a comunidade internacional em alerta para o risco de uma possível guerra entre os países.
Maduro, após encontro com ministros, fez um pronunciamento para TV venezuelana e defendeu: “A Venezuela está com Putin, está com a Rússia, está com as causas corajosas e justas do mundo e vamos nos aliar cada vez mais”.
Na mesma tendência, Ortega, considerado um tirano pelo Ocidente, expressou apoio a Putin no reconhecimento das regiões separatistas Donetsk e Luhansk.
“A Ucrânia está procurando uma maneira de entrar na Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e entrar na Otan é dizer: ‘vamos à guerra com a Rússia’. E isso explica por que a Rússia está agindo do jeito que está: está simplesmente se defendendo”, declarou.
Ortega acrescentou: “Tenho certeza de que, se eles fizerem uma eleição ou um referendo lá, como o que fizeram na Crimeia, tenho certeza de que as pessoas votarão para se juntar à Rússia e retornarão à situação como era antes da queda da União Soviética”, finalizou.
Momento de tensão
O apoio de Maduro e de Ortega ocorre em meio a uma escalada sem precedentes na crise entre a Rússia e a Ucrânia. Esta quarta foi um dos momentos mais tensos desde o início dos embates, em novembro passado.
Na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o risco de um conflito armado dominou os discursos. Representantes da Rússia, Ucrânia, dos Estados Unidos, além do secretário-geral da entidade, António Guterres, falaram sobre o tema. Isso em meio a várias sanções econômicas contra os russos.
O Parlamento ucraniano atendeu ao apelo do presidente Volodymyr Zelensky e aprovou um decreto de estado de emergência válido para todo o país pelo prazo de 30 dias.
Agora, o governo pode impor restrições de deslocamento, na distribuição de informações e no que é divulgado pela mídia, além de exigir documentação de cidadãos. Todos os homens com idades entre 18 e 60 anos podem ser convocados para combate.
Separatistas pedem ajuda militar à Rússia contra “agressão da Ucrânia”. Antes, o serviço de inteligência americano havia informado que tropas russas estariam se movendo para a região.
A União Europeia fechou fronteiras para políticos russos e congelou bens, na tentativa de conter um conflito armado com a Ucrânia e isolar Putin.
Comunidade internacional em alerta
Na segunda-feira (21/2), o presidente Putin reconheceu as regiões separatistas como repúblicas independentes. A decisão foi vista como uma ameaça.
Com isso, nessa terça-feira (22/2), alguns países, como Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido, anunciaram sanções econômicas ao governo russo para isolar Putin.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia têm feito alertas para o risco iminente de uma invasão russa no território ucraniano.
Crise em escalada
A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Nos últimos dias, a crise aumentou. A Rússia enviou soldados para a fronteira com a Ucrânia, reconheceu duas regiões separatistas ucranianas como repúblicas independentes e tem intensificado as atividades militares. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, quando anexou a Crimeia ao seu território.
A Ucrânia pediu mais armas aos países do Ocidente, sob o argumento de defesa contra a Rússia. Além disso, convocou militares reservistas e liberou o porte de armas a civis.
Putin, por sua vez, acusa os ucranianos de desenvolverem armas nucleares, o que colocaria a segurança de Moscou em risco.