Maduro culpa oposição por violência na Venezuela: “Criminosa”
Houve, pelo menos, 11 mortes e 749 pessoas foram presas em manifestações que contestam o resultado das eleições presidenciais
atualizado
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Os venezuelanos saíram às ruas nessa terça-feira (30/7), pelo segundo dia consecutivo, para protestar contra os resultados das eleições presidenciais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O órgão, fortemente controlado pelo regime chavista, declarou o presidente, Nicolás Maduro, vencedor no pleito de domingo.
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), a maior coligação da oposição, reuniu milhares de venezuelanos em Caracas. Estavam presentes a líder Maria Corina Machado, que foi impedida pela Justiça de concorrer, e o candidato presidencial do bloco, Edmundo González Urrutia, que a oposição garante ter sido o verdadeiro vencedor da eleição.
Essa foi a primeira grande manifestação organizada depois dos inúmeros protestos espontâneos que eclodiram em várias regiões do país na segunda-feira (29/7). A oposição contesta o resultado divulgado pelo CNE, que deu vitória a Maduro com somente 80% dos votos contabilizados e sem mostrar todas as atas de votação.
Em contrapartida, o chavismo também reuniu apoiadores em diferentes regiões do país, incluindo Caracas. Segundo a agência de notícias EFE, os meios de comunicação independentes não tiveram acesso a essas manifestações, para que eles pudessem “celebrar em paz” o que consideram ser o triunfo de Maduro.
Do palácio presidencial de Miraflores, Maduro pediu a seus apoiadores que se mobilizem “todos os dias” para “restaurar a paz, a tranquilidade e a normalidade”. A oposição e o chavismo se acusam mutuamente de provocar a violência registrada em parte das manifestações.
Mortes e detenções
Quatro ONGs venezuelanas informaram que pelo menos 11 pessoas morreram na segunda-feira (29/7) em protestos contra o resultado oficial das eleições.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, informou, na terça-feira (30/7), que ao menos 749 pessoas foram presas. Segundo a agência de notícias EFE, parte dessas detenções aconteceram durante confrontos entre manifestantes e agentes de segurança, pouco depois do fim do protesto da oposição em Caracas.
Saab disse que os manifestantes detidos estão sendo acusados de crimes como incitamento público, obstrução de vias públicas, incitamento ao ódio, desacato à autoridade e, “nos casos mais graves, terrorismo”. Ele afirmou, ainda, que 48 policiais e militares ficaram feridos nas manifestações e que um membro das forças armadas morreu “em consequência dos tiros disparados por esses manifestantes” no estado de Aragua, no norte do país.
Maduro culpa oposição por violência
Nicolás Maduro, responsabilizou, o candidato Edmundo González Urrutia pelas mortes ocorridas nos protestos. “Eu o considero responsável, senhor González Urrutia, por tudo o que está acontecendo na Venezuela. Pela violência criminosa, pelos feridos, pelos mortos, pela destruição. O senhor será diretamente responsável”, declarou Maduro.
O presidente venezuelano também culpou a líder opositora Maria Corina Machado pela violência e ordenou que militares e policiais “desenvolvam um plano de patrulha e proteção para as ruas e avenidas” para agir contra aqueles que causarem danos.
Já Machado desafiou o CNE a entregar os resultados “imediatamente” e perguntou: “Qual é o medo? Por que estão demorando tanto?”. A oposição criou um site no qual publicou até agora 81% das atas de votação — que supostamente mostram que González Urrutia venceu Maduro por quase quatro milhões de votos.
Ameaça de prisão para González Urrutia e Machado
O presidente do parlamento venezuelano, o chavista Jorge Rodríguez, pediu a prisão de González Urrutia e de Machado, a quem acusou de serem responsáveis por uma “conspiração fascista” contra as eleições presidenciais.
Além disso, o líder chavista Diosdado Cabello ameaçou vários membros da oposição, incluindo González Urrutia e Machado.
Na sequência dessas declarações, o governo da Costa Rica ofereceu asilo político a ambos os opositores, ao que Machado respondeu com um agradecimento, mas disse que continuaria “esta luta ao lado do povo”.
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