Maduro confirma presença em reunião com presidente da Guiana
Em carta divulgada nas redes sociais, Nicolás Maduro reafirmou a posição sobre Essequibo, mas disse estar aberto ao diálogo
atualizado
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou que se reunirá com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, na próxima quinta-feira (14/12), em São Vicente e Granadinas, país do Caribe que comanda atualmente a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A conversa tratará da disputa pela região de Essequibo.
Embora indique a disposição para dialogar com a Guiana, o governo da Venezuela reafirmou o direito sobre a região. “Esta reunião, precisamente, será uma oportunidade para esclarecermos os elementos que agravaram a controvérsia nos últimos anos”, reforça carta divulgada por Maduro nas redes sociais.
“Espero que nesta reunião de alto nível possamos abordar as principais ameaças à paz e à estabilidade dos nossos países, entre eles o envolvimento do Comando Sul dos Estados Unidos, que iniciou operações no território disputado, que é contrário à nossa aspiração de manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz, livre de conflitos, sem interferência de interesses fora da região”, completou Maduro.
Como mostrou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, Celso Amorim, assessor especial do Brasil para assuntos internacionais, será o enviado para representar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O encontro será mediado pelo Brasil.
Na carta enviada ao primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Maduro reafirma o direito à região, ao citar o reconhecimento do Reino Unido por meio do Acordo de Genebra.
A Guiana alega que a questão foi resolvida em 1899, por meio da Sentença Arbitral de Paris, que determinou as fronteiras dos territórios da Guiana Britânica. O governo da Venezuela, no entanto, alega que o Acordo de Genebra, de 1966, reconhece a reivindicação venezuelana.
No centro da disputa está a província de Essequibo, uma área de 159.500 km² que representa cerca de 70% do território da Guiana. O interesse pelo domínio da região se acirrou após a descoberta de grandes jazidas de petróleo em 2015. Novas descobertas do recurso, em outubro deste ano, elevaram a pressão na disputa pela região.
Na última sexta-feira (8/12), Maduro assinou seis decretos para dar continuidade à anexação de parte do território da Guiana. Os instrumentos atendem promessas feitas durante a semana.
Veja detalhes dos decretos, divulgados pela rede estatal de televisão do país:
- Designar Alexis José Rodríguez Cabello como autoridade única do novo estado da Guiana Esequiba;
- Nomeação da Alta Comissão Nacional para a defesa e recuperação da Guiana Esequiba com todos os setores da vida nacional, política, institucional, econômica e religiosa;
- Oficializa o novo mapa da Venezuela que incorpora a Guiana Esequiba;
- Criação da divisão na Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA) voltada para Essequibo e também procedeu à concessão de licença para a exploração e aproveitamento de petróleo, gás e minerais em todo o território e nos mares da região;
- A criação da nova Zona de Defesa Integral Guiana Esequiba, com três áreas de defesa integral e 28 setores de desenvolvimento;
- Declaração dos novos parques nacionais, Zona de Proteção de Defesa e monumentos naturais da Guiana Esequiba.