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Macron anuncia retirada de quase 1,5 mil militares franceses do Níger

O presidente Emmanuel Macron disse que a França “decidiu pôr fim à cooperação militar com o Níger”. Há hoje cerca de 1.500 militares no país

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Foto colorida do presidente da França, Emmanuel Macron, com a testa franzida - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do presidente da França, Emmanuel Macron, com a testa franzida - Metrópoles - Foto: Antoine Gyori – Corbis/Corbis via Getty Images

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou no domingo (25/9) a retirada até o final do ano do contingente militar francês no Níger, que sofreu um golpe de Estado em julho que derrubou o presidente Mohamed Bazoum e colocou uma junta militar no poder.

A França, disse Macron, “decidiu pôr fim à cooperação militar com o Níger”. Ele anunciou ainda que nas “próximas horas” o embaixador francês no Níger “regressará” a Paris. Há hoje cerca de 1,5 mil militares franceses no país.

Em uma entrevista concedida às emissoras TF1 e France 2, Macron declarou que a França estará “sempre disponível” para apoiar a África na luta contra o terrorismo jihadista, desde que a pedido de governos democraticamente eleitos ou de organizações regionais.

“Acabou a Françafrique (conceito geopolítico que descreve a influência exercida por Paris sobre suas ex-colônias africanas). Quando há golpes de Estado, não intervimos”, afirmou.

Revés para operação francesa na África

O anúncio sobre o Níger representa um revés da política da França para África, após militares franceses já terem se retirado dos vizinhos Mali e Burkina Faso nos últimos anos após golpes militares nesses países.

A França enviou militares à região do Sahel para combater grupos jihadistas, a pedido de líderes africanos. Desde 2013, quase 5 mil militares franceses foram enviados com essa missão no Mali, em Burkina Faso, no Chade, no Níger e na Mauritânia.

Em agosto de 2022, mais de nove anos depois de serem recebidos no Mali como “salvadores”, os 2,4 mil soldados franceses concluíram sua retirada do país, ordenada por Macron devido à deterioração das relações com a junta militar no poder em Bamako e perante a crescente hostilidade da opinião pública local em relação à França.

Dois meses depois, foi a vez de os cerca de 400 militares franceses no Burkina Faso deixarem o país. Desde 2022, o Níger vinha abrigando boa parte dos militares restantes dessa operação.

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Pessoas no Níger protestam contra a França
Junta militar que deu golpe de Estado em Níger se apresenta em estágio na cidade de Niamey
Junta militar que deu golpe de Estado em Níger se apresenta em estágio na cidade de Niamey
Existe o temor de que com o golpe, Níger siga os passos de países vizinhos, que se distanciaram do Ocidente e buscaram uma maior aproximação com a Rússia
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Golpe militar no Níger

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Pessoas no Níger protestam contra a França

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Junta militar que deu golpe de Estado em Níger se apresenta em estágio na cidade de Niamey

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Junta militar que deu golpe de Estado em Níger se apresenta em estágio na cidade de Niamey

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Existe o temor de que com o golpe, Níger siga os passos de países vizinhos, que se distanciaram do Ocidente e buscaram uma maior aproximação com a Rússia

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A saída dos soldados franceses em alguns casos costuma ser seguida de uma aproximação com o Grupo Wagner, como no caso do Mali, onde a junta militar no poder em Bamako fez um acordo com os mercenários para apoiar o seu exército.

“Estivemos lá porque o Níger pediu a nós, Burkina Faso e Mali, para os ajudarmos a combater o terrorismo nos seus territórios. Hoje, esses países foram vítimas de golpes de Estado. Ainda hoje falei com o presidente Bazoum, que agora está detido porque realizava reformas ambiciosas”, disse Macron.

O contingente francês no Níger, país onde a França também tem interesses econômicos no urânio, está distribuído entre a capital Niamey, Ouallam, ao norte, e Ayorou, perto da fronteira com o Mali. Macron afirmou que a retirada dos militares será feita de forma gradual e em coordenação com a junta militar que atualmente governa o Níger.

Sentimentos antifranceses

O Níger foi uma colônia francesa desde o início do século 20 até 1960, quando se tornou um país independente. Hoje é um dos principais fornecedores de urânio para as usinas nucleares francesas, com cerca de um terço do total num país onde 70% da eletricidade é gerada por reatores atômicos.

Para muitos africanos, o passado colonial pesa contra a França. E a isso se une, no período pós-colonial, o frequente apoio do Eliseu a autocratas africanos. Além disso, muitas pessoas na África percebem o presidente Emmanuel Macron como arrogante, o que certamente não melhora a imagem da França.

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Apesar da percepção de arrogância que o acompanha, deve ser dito que poucos líderes franceses empreenderam tantos esforços para melhorar a imagem da França na África como Macron.

Num gesto pouco comum para líderes franceses, ele viajou até Ruanda para reconhecer que a França teve grande responsabilidade no genocídio de 1994, que deixou cerca de 800 mil mortos.

Macron elevou a ajuda financeira ao continente, começou a devolver obras de arte roubada na época colonial e deu apoio militar para combater militantes jihadistas que já mataram inúmeros civis na África.

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