Machismo e beijo em criança: entenda polêmicas envolvendo Dalai Lama
Líder religioso Dalai Lama, de 87 anos, recebeu duras críticas após beijar criança na boca. Ele já foi acusado de machismo e xenofobia
atualizado
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O líder espiritual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, se viu no epicentro de uma crise esta semana, após um vídeo dele aparece beijando uma criança na boca e pedindo para ela “chupar sua língua” gerar revolta nas redes sociais. O religioso tibetano de 87 anos emitiu um comunicado se desculpando pela atitude. No entanto, não é a primeira vez que ele faz declarações controversas ou inadequadas.
Em 2019, Gyatso fez uma declaração classificada como machista, em entrevista à BBC. Dalai Lama é um título dado ao líder máximo da religião budista no Tibete. Além da atribuição religiosa, ele representa um movimento pela autonomia do território, considerado pela China como uma região autônoma do país.
Na declaração ao canal, o líder religioso foi questionado se o próximo Dalai Lama poderia ser uma mulher. E respondeu, em inglês, que ela deveria ser mais bonita que ele para receber a alcunha.
“Se uma Dalai Lama mulher vier, ela deverá ser mais atraente”, disse, entre risos. Para o budismo tibetano, o título seria destinado à reencarnação de um líder nascido pela primeira vez em 1391.
À época, a equipe dele se desculpou pela possível ofensa e declarou que Gyatso sempre apoiou a igualdade de gênero. “Às vezes, [o Dalai Lama] faz comentários improvisados, que podem ser considerados divertidos em um contexto cultural, mas perdem o humor quando traduzidos para outro”, disse o comunicado.
Acusações de xenofobia
Na mesma entrevista de 2019, o líder budista também provocou indignação por uma declaração sobre migrantes e refugiados que buscam a Europa. Questionado sobre o nível crescente de africanos que pedem acolhimento em território europeu, ele defendeu que os países deveriam recebê-los e oferecer-lhes educação e treinamento.
No entanto, emendou que “os migrantes devem retornar à “sua própria terra” e apenas “um número limitado” pode permanecer no continente.
“Toda a Europa acabará se tornando um país muçulmano? Impossível. Ou um país africano? Impossível também”, disse ele, acrescentando que é melhor “manter a Europa para os europeus”.
Dias depois, o gabinete dele afirmou que a opinião havia sido “mal interpretada” e que “não tem dúvidas de que muitos dos que deixaram seus países não querem ou não podem voltar”.
Visita a grupo de autoajuda
Em 2009, o líder religioso fez uma visita a um grupo norte-americano denominado Nxivm, que à época, era conhecido como uma organização sem fins lucrativos voltada para ações de autoajuda.
No entanto, em 2017, investigações revelaram que a instituição, na verdade, era um local de exploração sexual. O líder da seita, Keith Raniere, foi preso nos EUA por extorsão, crimes sexuais, tráfico de pessoas e fraude. Naquele ano, o Dalai Lama foi duramente criticado por ter participado de um dos eventos anteriormente.
Beijo em criança
O caso mais recente ocorreu em fevereiro, em um templo situado em Dharamshala, na Índia, durante interação entre o líder budista e estudantes. No vídeo, uma das crianças se aproxima do microfone no evento e pergunta se pode abraçar Dalai Lama.
O religioso convida o menino a subir na plataforma, onde ele estava sentado. Apontando para a bochecha, ele pede um beijo no local, após a criança beijá-lo e lhe dar um abraço.
Em seguida, Gyatso segura o menino, dizendo “acho que aqui também”, e dá um beijo na boca dele. “E chupe minha língua”, emendou. O menino rapidamente mostrou a própria língua e foi se afastar, enquanto Dalai Lama ria e puxava o menino para outro abraço, ao som de risos da plateia.
No pedido de desculpas, a equipe do religioso defendeu que “Sua Santidade costuma brincar com pessoas que conhece, de maneira inocente e brincalhona, mesmo em público e diante das câmeras”, e que ele formalizará um pedido de desculpas ao estudante e à família dele, “pela dor que suas palavras possam ter causado”.