Lviv, principal rota de fuga da guerra, é bombardeada pela 1ª vez
A cidade no Oeste da Ucrânia e distante 80 km da fronteira com a Polônia vinha sendo poupada durante o ataque da Rússia
atualizado
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Principal rota de fuga na guerra da Ucrânia, Lviv foi atacada pela primeira vez nesta sexta-feira (18/3). A cidade no Oeste da Ucrânia e distante 80 km da fronteira com a Polônia vinha sendo poupada durante o conflito.
O prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, e o chefe da administração militar regional de Lviv, Maksym Kozytsky, confirmaram o ataque e atribuíram a autoria ao Exército russo.
Um dos mísseis caiu perto do aeroporto da cidade e atingiu uma oficina de conserto de aviões. Ao menos uma pessoa ficou ferida.
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Segundo informações divulgadas pelo Ministério da Defesa ucraniano, seis mísseis de cruzeiro foram lançados, provavelmente do Mar Negro, e dois foram interceptados por sistemas de defesa aérea.
O ataque deixou o mundo em alerta. Como Lviv é próxima da Polônia, país integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), se o ataque seguir e de alguma forma atingir alvos de nações amigas da Ucrânia, mesmo que não intencionalmente, isso poderia fazer o conflito escalar dramaticamente.
Além de rota de fuga, Lviv se tornou uma das principais cidades de refúgio de ucranianos que saíram do epicentro do conflito. Várias embaixadas mudaram a sede para lá.
O bombardeio acontece dias após mísseis russos atacarem uma base militar nos arredores da cidade, onde se concentravam soldados estrangeiros que integram a legião internacional da Ucrânia.
Acordo para paz
A Rússia fez a primeira sinalização formal de que um acordo de cessar-fogo pode ocorrer em breve. A guerra, iniciada em 24 de fevereiro, tem deixado um rastro de devastação na Ucrânia.
Nesta sexta-feira, após mais uma rodada de negociações, o representante do governo russo, Vladimir Medinsky, admitiu que o possível pacto de paz está “no meio do caminho”.
Questões sobre a neutralidade da Ucrânia e a exigência de que o país invadido não ingresse na Otan são as que estão mais alinhadas com a Rússia.
A autoridade russa disse ainda as duas nações discutem detalhes sobre as garantias de segurança para a Ucrânia, caso ela desista de entrar na entidade militar coordenada pelos Estados Unidos, e a desmilitarização do país.
Êxodo
O medo de se tornar alvo da guerra já fez 6,5 milhões de pessoas abandonarem as próprias casas na Ucrânia. A dimensão do drama dos desabrigados e refugiados pode ser medido quando se sabe que esse número equivale à toda a população de um país como a Dinamarca.
A agência de migração da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou a estimativa nesta sexta-feira (18/3) e demonstrou preocupação com o êxodo. Ao menos 3,2 milhões de pessoas deixaram o país.
Segundo a ONU, o fluxo de refugiados ucranianos avança muito mais rapidamente que o da guerra na Síria. Lá, o conflito expulsou cerca de 13 milhões de pessoas de casa, mas durante anos.
Um dos exemplos do êxodo é Mariupol. Após massivos bombardeios, o governo ucraniano afirma que 80% das residências da cidade estão completamente destruídas. Somente nesta semana, 30 mil fugiram de lá. A cidade tinha, antes da guerra, quase meio milhão de habitantes.
Colapso
A Ucrânia e o mundo assistem atônitos ao rastro de destruição que os bombardeios russos têm provocado. A intensidade dos ataques está em uma escalada assombrosa. Hospitais, escolas, casas e até abrigos estão na mira das tropas.
Todo o país está devastado e ao menos quatro grandes cidades ucranianas estão em colapso. Faltam água, luz, aquecimento, comunicação (internet e telefone) e comida.
Enfrentam a situação mais dramática Kiev, capital e coração do poder; Kharkiv, a segunda maior cidade do país; Mariupol, que está sitiada há 10 dias e tem vivido ataques maciços; e Kherson, onde russos alegam ter tomado o poder.