Lula presta solidariedade à Kirchner e cita “danos à democracia”
Segundo Lula, Kirchner foi “vítima de lawfare e sabemos bem, aqui no Brasil, o quanto essa prática pode causar danos à democracia”
atualizado
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou-se, nesta quarta-feira (7/12), sobre a condenação da vice-presidente argentina, Cristina Kirchner. A ex-presidente foi condenada a 6 anos por corrupção e pode se tornar inelegível.
“Vi sua manifestação de que é vítima de lawfare e sabemos bem aqui no Brasil o quanto essa prática pode causar danos à democracia”, escreveu Lula. “Torço por uma justiça imparcial e independente para todos e pelo povo da Argentina.”
Lawfare, termo utilizado por Kirchner para descrever sua condenação, diz respeito ao uso da Justiça com fins políticos, como perseguir determinadas figuras.
Minha solidariedade à vice-presidente da Argentina, @CFKArgentina. Vi sua manifestação de que é vítima de lawfare e sabemos bem aqui no Brasil o quanto essa prática pode causar danos à democracia. Torço por uma justiça imparcial e independente para todos e pelo povo da Argentina.
— Lula (@LulaOficial) December 7, 2022
A vice-presidente chegou a se comparar ao petista para dizer que ambos teriam sido perseguidos politicamente. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também prestou apoio à Kirchner, afirmando que ela é “vítima de perseguição e politização do Judiciário”. “O PT está ao seu lado, força, a verdade vencerá!”
A vice-presidente é acusada de liderar esquema de desvio de verbas públicas. A política argentina é investigada, desde 2019, por associação ilícita e fraude ao Estado, junto a outros 12 réus no caso – todos empresários e ex-funcionários do governo dela (2007-2015) e do marido e antecessor, Néstor Kirchner (2003-2007).
Kirchner não será presa, apesar da condenação, pois tem foro privilegiado. A vice-presidente pode recorrer da decisão da Justiça até que chegue à Corte Suprema. Apoiadores de Kirchner tomaram as ruas na Argentina para protestar contra a decisão.
Entenda a acusação
Segundo a acusação, Cristina chefiava uma organização ilícita ligada ao empresário da construção Lázaro Báez, atualmente em prisão domiciliar, que teria pagado aos dirigentes políticos para conseguir firmar contratos.
Ao todo, 51 obras públicas teriam sido destinadas à província de Santa Cruz, reduto político do marido dela, morto em 2010. O valor das transações é calculado em US$ 46 bilhões.
A vice-presidente do país defende que é vítima de um “pelotão de fuzilamento” e que as acusações são de uma “falsidade absoluta”, frutos de perseguição judicial por razões políticas.
O Ministério Público argentino pediu que ela fosse condenada a 12 anos de prisão, e alega ter juntado provas suficientes para sustentar que, em ambos os governos, o empresário Lázaro Báez foi favorecido pelo Estado.
Outras ações
Cristina é investigada em pelo menos outros três processos, ligados à lavagem de dinheiro e pagamento de propina. Ela foi inocentada pela Justiça em outra ação na qual era acusada, relativa a suposto favorecimento por causa da posição no governo.
Em 2015, no fim de sua gestão, Cristina teria dado uma ordem ao Banco Central da Argentina para vender dólares no mercado futuro por um valor menor que o de mercado. Ela teria se beneficiado dessa informação por ter feito operações com dólar antes que a ordem fosse executada.