Lula insistirá em acordo Mercosul-UE: “Não vou desistir do Macron”
Lula afirmou que não vai desistir do acordo entre o Mercosul e a União Europeia e fez apelo ao presidente da França, país que mais se opõe
atualizado
Compartilhar notícia
Em agenda em Berlim, na Alemanha, nesta segunda-feira (4/12), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter feito um apelo ao presidente da França, Emmanuel Macron, em prol da efetivação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
“Ontem, quando me despedi do presidente Macron, eu falei: ‘Quando você pegar o avião, que você sentar na sua poltrona, abra o seu coração, converse com a sua esposa e aceite fazer um acordo entre a União Europeia e o Mercosul’. Eu não vou desistir do Macron e não vou desistir porque nós vamos ter outras reuniões, outras necessidades. Eu vou continuar até, um dia, eu conseguir”, ressaltou Lula em declaração à imprensa, ao lado do chanceler alemão Olaf Scholz.
“Todos [os líderes mundiais] com quem eu discuti criaram dificuldade para o acordo. Isso faz 23 anos. Mesmo assim, eu ainda estou persistindo. Porque se eu não persistisse, eu não teria chegado à Presidência do meu país, porque eu perdi três eleições antes de ganhar a primeira”, afirmou ainda o petista.
“Antiquado” e “contraditório”
Na Conferência das Nações Unidas para Mudança do Clima (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes, Macron concedeu uma coletiva de imprensa na qual chamou o acordo entre os blocos de “antiquado” e “contraditório”.
“Sou contra o acordo Mercosul-UE, porque acho que é completamente contraditório com o que ele [Lula] está fazendo no Brasil e com o que nós estamos fazendo, porque é um acordo que foi negociado há 20 anos, e que tentamos remendar, mas está mal remendado”, frisou Macron no sábado (2/12).
Na Alemanha, Lula reagiu à postura contrária do francês e afirmou que só poderá dizer que o acordo não se concretizará no momento em que acabar a reunião do Mercosul, no Rio de Janeiro, e houver o “não”.
“Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazê-lo. Porque, depois de 23 anos, se a gente não concluir o acordo, é porque eu penso que nós estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que nós temos de avançar nos acordos comerciais, políticos e econômicos”, ressaltou.
O acordo de livre comércio entre os dois blocos está em negociação desde 1999 e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mas, ainda não foi ratificado e, portanto, não entrou em vigor. Caso seja concluído, o texto criará a maior zona de livre comércio do mundo.
Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado por parlamentares de todos os países membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação. A França e a Holanda, por exemplo, tem se posicionado contra a proposta.
Em seguida, Lula disse que se posicionar contra um tratado é um direito do governo francês, mas alegou que a União Europeia, enquanto bloco, não precisa fazer o mesmo.
“Paciência”
Nesta segunda, ao lado de Scholz, Lula demonstrou mais otimismo em sua missão de convencer o francês Macron a aceitar o acordo entre Mercosul e UE. Em Dubai, onde participou dos primeiros dias da COP28, no final de semana, o petista chegou a dizer: “Se não tiver acordo, paciência” .
Na COP28, Lula se reuniu com líderes europeus na tentativa de costurar apoio político para a conclusão do acordo entre os dois blocos antes do fim da Presidência brasileira à frente do Mercosul, que termina no fim desta semana.
“Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil, da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, declarou o petista em coletiva de imprensa em Dubai.
“Eu tive uma grande conversa com a Ursula von der Leyen, que é a presidenta da Comissão Europeia. Vamos ver como é que vai acontecer na sexta-feira [na Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro]. Se não tiver acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo”, prosseguiu.