Lukashenko: conheça o ditador que se aliou a Putin na guerra
Conhecido como “o último ditador da Europa”, Lukashenko passou a chamar a atenção nesta semana por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia
atualizado
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Ele já disse que vodka e sauna curariam os doentes de Covid-19. No poder há quase 28 anos, ele manda sequestrar e prender opositores. É declaradamente autoritário. Trata-se de Aleksandr Lukashenko. O homem conhecido como “o último ditador da Europa” passou a chamar a atenção durante a última semana por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
As tropas do presidente russo, Vladimir Putin, iniciaram a invasão ao território ucraniano por meio de Belarus, nação comandada por Lukashenko. Não parou por aí. O ditador também teria ordenado ataques a míssil contra o vizinho, segundo acusações da União Europeia e organismos internacionais. O tirano nega.
Amigo de Putin, aliado do Kremlin e entusiasta dos padrões da extinta União Soviética (1922-1991), não é surpresa o apoio de Lukashenko à guerra contra a Ucrânia.
E a história carrega as suas particularidades. É na fronteira de Belarus que as duas negociações para uma tentativa de cessar-fogo ocorreram. Terminaram frustradas.
Figurão da elite bielorrussa, Lukashenko é de família pobre, foi criado por um mãe solteira e trabalhou como administrador de uma fazenda. Assumiu a Presidência de Belarus em 1994, mas desde a década de 1980 atua na política. Para ter apoio popular, se apresentou como um homem “honesto”.
Controle do Parlamento e Judiciário
Mas o caminho “democrático” que o levou ao poder sofre sucessivos ataques. Em 1996 aconteceu um dos episódios mais emblemáticos. Lukashenko dispensou o parlamento que tentava um processo de impeachment contra ele. Além disso, aumentou seu controle sobre o Judiciário.
Ele não está disposto a largar o poder. Aos 67 anos, por meio de um referendo recheado de polêmicas, garantiu efetivamente a Presidência do país até 2035. “Um estilo autoritário de governar é característico da minha pessoa, e sempre admiti isso”, declarou durante entrevista concedida em agosto de 1993.
Ligações com a Rússia
O governo russo oferece apoio a Belarus com o fornecimento de energia a preços baixos. Em troca, o país de Lukashenko vende metade de toda sua produção a Putin.
As duas nações vivem em um “Estado de união” desde abril de 1996. O acordo faz as duas nações conviverem como na extinta União Soviética.
Assim como Putin, Lukashenko é acusado de violações e abusos de poder. Nem a família escapa. Sua esposa vive reclusa e pouco se sabe dela. O ditador tem um filho, fruto de um relacionamento extraconjugal. Ele é considerado o herdeiro do controle de Belarus.
A guerra
Tropas russas invadiram o território ucraniano em 24 de fevereiro. A Rússia e a Ucrânia vivem um embate por causa da possível adesão ucraniana à Otan, entidade militar liderada pelos Estados Unidos.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética.
O recrudescimento dos ataques, com mísseis, atentados contra usinas nucleares e bombardeios contra civis, fez a comunidade internacional impor sanções econômicas contra a Rússia.
Bancos russos foram excluídos do sistema bancário global. Além disso, marcas e empresas suspenderam operações no país. O Banco Central e oligarcas, que são multimilionários, não podem realizar transações na Europa e nos Estados Unidos.
Além disso, a Rússia sofre pressão político-diplomática. Entidades como a União Europeia e a Organização das Nações Unidas (ONU) condenaram a invasão.