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Lisboa enfrenta onda de violência após a polícia matar cabo-verdiano

Uma viatura policial foi danificada, dois ônibus, oito carros e uma moto foram incendiados e três pessoas ficaram feridas

atualizado

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Violência em Lisboa
1 de 1 Violência em Lisboa - Foto: Reprodução

A polícia de Lisboa deteve, nas últimas 24 horas, 13 pessoas suspeitas de envolvimento nos motins dos últimos dias nos subúrbios da capital portuguesa. Desde segunda-feira (21/10) a cidade é palco de atos de violência desencadeados pela morte do cabo-verdiano Odair Muniz, de 43 anos, baleado pela polícia na noite de domingo (20/10).

Segundo autoridades de Segurança Pública, foram registadas na noite dessa quarta-feira (23/10) 45 ocorrências de incêndio em mobiliário urbano na Área Metropolitana de Lisboa. Uma viatura policial foi danificada, dois ônibus, oito carros e uma moto foram incendiados e três pessoas ficaram feridas, uma delas, o motorista de um dos ônibus, em estado grave. Ele sofreu queimaduras no rosto, tórax e membros superiores.

Nessa quarta, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse que aumentaria os meios para conter a violência. O governo se reuniu nesta quinta-feira (24/10) com prefeitos da área metropolitana de Lisboa para discutir sobre os motins.

Os bairros que foram palco de violência ficam longe de Zambujal, onde morava Odair Muniz. Os agentes afirmaram que ele teria fugido ao ver a viatura e se refugiado no bairro próximo de Cova Moura, onde, ao ser abordado, teria resistido à detenção e tentado agredir os policiais com uma faca.

ONGs contra o racismo contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar “todas as responsabilidades”.

A Inspeção-Geral da Administração Interna e a Secretaria de Segurança Pública abriram investigações para apurar o caso. O agente que baleou Odair é alvo de processo judicial.

País tranquilo

O presidente português Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciou em uma nota publicada no site da Presidência, na quarta-feira, onde afirma que está “em contato com o governo e os presidentes das Câmaras Municipais da Amadora e de Oeiras”, cidades da grande Lisboa, principais pontos dos motins.

Na nota, o presidente destaca que “a segurança e a ordem pública são valores democráticos cuja preservação importa garantir, em particular através do papel das forças de segurança”.

Ele também lembra que a sociedade portuguesa, “apesar dos problemas sociais, econômicos, culturais e as desigualdades que ainda a atravessam, é uma sociedade genericamente pacífica” e assim quer continuar sendo, “sem instabilidade e, muito menos, violência”.

Este tipo de violência é raro em Portugal. Zambujal é um bairro da cidade de Amadora, supostamente tranquilo, onde vive uma população miscigenada. Uma manifestação pacífica convocada por associações de imigrantes foi convocada para esta sexta-feira (25/10), contra as políticas de imigração do governo.

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