Lei marcial: entenda o que é a medida decretada por Putin
O dispositivo já havia sido implementado pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zenlensky, no início do conflito entre os países
atualizado
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A lei marcial, decretada pelo presidente Vladimir Putin, nesta quarta-feira (19/10), em regiões anexadas da Ucrânia, é uma norma implementada em cenários de conflitos, crises civis e políticas, que substitui as leis e autoridades civis por leis militares.
O dispositivo também pode ser aplicado quando ocorrem desastres naturais, catástrofes e outras situações de caos.
A lei marcial age no sentido de tirar as funções de autoridades como políticos e diplomatas e concentrá-las em membros de alta patente do Exército. A amplitude e a finalidade da medida, contudo, ainda não foram detalhadas pelo governo russo.
Até agora, não se sabe até que ponto a norma altera a situação atual dos civis nas regiões anexadas da Ucrânia.
Em fevereiro deste ano, no início do conflito, a lei marcial também foi adotada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zenlensky. Após implantar a norma, o governo ucraniano proibiu que homens de 18 a 60 anos deixassem o país.
Na prática, as principais consequências da lei marcial são a suspensão de parte ou de todas as liberdades fundamentais dos cidadãos que moram na área afetada.
Decreto de Putin
Mais cedo, Putin anunciou que assinou um decreto para introduzir lei marcial nas quatro regiões da Ucrânia anexadas ao território russo. A declaração ocorreu durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.
As regiões de Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk foram anexadas no fim de setembro, após referendo considerado ilegal pela comunidade internacional. Com a incorporação das zonas, a Rússia passou a considerar as quatro regiões como parte de seu próprio território.
Em um decreto publicado também nesta quarta, Putin restringiu o movimento de entrada e saída de civis e instaurou uma “mobilização econômica” em oito regiões estratégicas.
São elas: Krasnodar, Belgorod, Bryansk, Voronezh, Kursk e Rostov — na fronteira com a Ucrânia —, e os territórios da Crimeia e Sebastopol, anexados ilegalmente pelo Kremlin em 2014.
Ordem pública
No pronunciamento, o chefe do Kremlin justificou que está concedendo autoridade adicional aos líderes de todas as províncias russas para manter a ordem pública e aumentar a produção em apoio à guerra na Ucrânia, que ocorre desde fevereiro.
“Estamos trabalhando para resolver tarefas muito complexas e de grande escala para garantir um futuro confiável para a Rússia, o futuro de nosso povo”, declarou.
Escalada do conflito
Durante o discurso, o líder russo também insinuou uma nova escalada da guerra, chamando as autoridades ucranianas de “satanistas”, por terem ignorado suas advertências.
“A Rússia tem repetidamente dado uma chance ao comando dos satanistas para cair em si. Mas não fomos ouvidos ou ignorados. Agora tudo será diferente, vamos ditar os termos”, disse Putin.
A mais nova estratégia das forças da Rússia é mirar em infraestrutura de grandes cidades ucranianas, na tentativa de intimidar e coibir movimentos das forças de Kiev para recuperarem territórios incorporados por forças inimigas. O governo russo confirmou ter adotado a tática.
Embora tenha atingido repetidamente cidades densamente povoadas em todo o país, o Kremlin negou deliberadamente atacar civis. Líderes militares russos sustentam que têm mirado a infraestrutura militar e energética em terreno adversário.
Na última semana, a Rússia orquestrou o maior ataque desde o início da guerra, em fevereiro, e mirou pelo menos 10 cidades em território ucraniano. Os bombardeios ocorreram em retaliação à explosão que derrubou um trecho da ponte que liga a Península da Crimeia ao território continental russo.