Kim Jong-un e Putin são acusados de unir tropas contra a Ucrânia
Kim e Putin assinaram um tratado em junho que prevê a defesa mútua entre Coreia do Norte e Rússia caso um dos dois países seja invadido
atualizado
Compartilhar notícia
A relação entre Kim Jong-un e Vladimir Putin tem chamado a atenção não só pelo aparente bom convívio entre os dois líderes, mas também pela aproximação militar entre Coreia do Norte e Rússia.
Meses após assinarem um tratado, que entre outros pontos prevê a ajuda militar mútua caso um dos dois países sejam atacados, os dois presidentes são acusados de unir forças e tropas na guerra da Ucrânia.
A possibilidade de militares norte-coreanos estarem atuando na Europa foi levantada pelo Serviço Nacional de Inteligência (NIS) da Coreia do Sul, nessa sexta-feira (18/10). Segundo a agência, cerca de 12 mil soldados da Coreia do Norte podem ser enviados para lutar ao lado das fileiras russas.
De acordo com Seul, cerca de 1,5 mil militares da Coreia do Norte já viajaram para a Rússia, onde vão receber treinamento e serem enviados para o front de batalha posteriormente. Eles teriam partido de três cidades norte-coreanas em sete embarcações enviadas pelo governo Putin, entre os dias 8 e 13 deste mês.
Vladivostok, próxima à fronteira entre os dois países, foi o destino inicial dos norte-coreanos. Segundo a inteligência sul-coreana, eles receberam identidades falsas ao chegar no território da Rússia. Alguns deles permaneceram na cidade russa onde desembarcaram, enquanto outros foram integrados em unidades nas regiões de Ussuriysk, Khabarovsk e Blagoveshchensk para serem treinados.
A possível concretização da união militar entre Rússia e Coreia do Norte já havia sido comentada por Volodymyr Zelensky, na última quarta-feira (16/10), não só com transferência de armas.
“Nossos registros de inteligência mostram não apenas de armas transferidas da Coreia do Norte para a Rússia, mas também de pessoas — trabalhadores de fábricas russas, substituindo russos mortos na guerra, e pessoal do exército russo. Isso marca o envolvimento de um segundo estado na guerra contra a Ucrânia do lado da Rússia”, escreveu Zelensky no X.
Apesar das acusações, Coreia do Norte e Rússia não se pronunciaram sobre a possível presença de militares norte-coreanos na Ucrânia.
Rússia também promete ajudar Coreia do Norte
Em meio as acusações da presença militar da Coreia do Norte na Ucrânia, a Rússia também prometeu agir e ajudar o regime de Kim Jong-un caso uma guerra exploda na península coreana.
A tensão na região aumentou no início do mês, após a Coreia do Sul ser acusada de sobrevoar drones com propagandas anti-Coreia do Norte sobre o país comandado pela dinastia Kim.
O episódio provocou uma retaliação imediata de Kim Jong-un, que ordenou a explosão de vias que ligam a Coreia do Norte e Coreia do Sul em um gesto que simboliza o afastamento, cada vez maior, entre os dois países que um dia já foram uma só nação.
Além disso, a movimentação e retórica militar norte-coreana aumentou. Nos dias seguintes, Kim anunciou a expansão do exército da Coreia do Norte, e disse que o país está pronto para uma guerra com o Sul caso sua soberania seja violada novamente.
Nesse contexto de insegurança e incertezas sobre o futuro da região, o governo da Rússia se pronunciou oficialmente na última terça-feira (15/10), e disse que tomará “todas as medidas necessárias” baseadas no tratado de cooperação para defender a Coreia do Norte caso uma guerra exploda na região.
“Ele [o tratado] tem o artigo 4, que lida precisamente com a questão da assistência mútua em caso de agressão, que os lados, em caso de agressão contra um dos lados, fornecerão um ao outro qualquer assistência necessária, incluindo assistência militar”, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Andrey Rudenko em entrevista à agência estatal Tass.