Kiev acusa Moscou de propagar “mentira cínica” sobre arsenal nuclear
Ministro afirmou que russo Sergey Lavrov estaria espalhando desinformação sobre interesse ucraniano em retomar instalações nucleares
atualizado
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O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou, nesta sexta-feira (4/3), que o homólogo russo Sergey Lavrov espalha desinformação ao alegar “falsamente” que a Ucrânia quer restaurar seu arsenal nuclear.
Russian FM Lavrov spreads disinfo by falsely alleging Ukraine wants to restore its nuclear arsenal. Once again: This is a cynical, blatant lie by Russia who itself fires at nuclear facilities in Ukraine. Safe zones must be established around them to prevent disaster in Europe.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) March 4, 2022
“Esta é uma mentira cínica e descarada da Rússia, que atira em instalações nucleares na Ucrânia. Zonas seguras devem ser estabelecidas em torno deles para evitar desastres na Europa”, escreveu Kuleba.
O Exército russo tomou a maior usina nuclear da Europa, a ucraniana Zaporizhzhia, na madrugada desta sexta-feira. Um incêndio começou no local durante a invasão do perímetro da usina por militares da Rússia.
Veja imagens do ataque russo à usina nuclear de Zaporizhzhia
A Agência Internacional de Energia Atômica disse que não há sinal de vazamento radioativo. Ainda de acordo com a agência, os equipamentos essenciais da usina não foram afetados pelo fogo e não há variação nos níveis de radiação. O incêndio foi extinto.
Acordo de Budapeste
Em 1994, a Ucrânia decidiu abrir mão das armas nucleares em troca de segurança e reconhecimento como país independente, por meio do Memorando de Budapeste, um acordo assinado entre o governo ucraniano, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos após o fim da União Soviética.
No entendimento firmado na capital da Hungria, a Ucrânia se comprometia a aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e a devolver para Moscou as ogivas deixadas em seu território com o fim da URSS.
Guerra na Ucrânia
A Rússia invadiu a Ucrânia no último dia 24 de fevereiro, em meio a uma possível adesão ucraniana à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar liderada pelos Estados Unidos. Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança.
Contudo, como justificativa, Putin ordenou a ocupação das regiões separatistas de Donbass, no leste ucraniano. Em pronunciamento, o líder russo fez ameaças e disse que quem tentar interferir no conflito sofrerá consequências nunca vistas na história.
Nesta sexta, o conflito completa nove dias. Russos sitiaram Kiev e tentam tomar o poder. Hospitais, orfanatos, prédios residenciais, além de escolas e creches já foram alvos de bombardeios na Ucrânia. Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana e próxima à fronteira com a Rússia, também se tornou alvo.
Estados Unidos e países europeus anunciaram o envio de ajuda estrutural de armas e dinheiro para a Ucrânia, que resiste. Belarus, uma das maiores aliadas da Rússia, entrou no foco da comunidade internacional. O país teria feito ataques à Ucrânia e cedido a fronteira para a invasão russa.
A batalha chegou à cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) e ao Tribunal Penal Internacional, em Haia.