Kamala na disputa: veja o que mudou em uma semana nos EUA
Desde que Joe Biden abandonou a disputa pela reeleição no último domingo, indicando Kamala para assumir seu lugar, o cenário eleitoral mudou
atualizado
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desistiu de disputar a reeleição contra Donald Trump no último domingo (21/7). No anúncio, ele indicou a atual vice-presidente do país, Kamala Harris, para assumir seu lugar na disputa. Desde que Kamala entrou na corrida eleitoral, o Partido Democrata voltou a ganhar fôlego. Entenda o que mudou no cenário eleitoral dos EUA.
A desistência de Joe Biden ocorre após forte pressão dos democratas motivada pelo péssimo desempenho que o presidente teve no debate presidencial do dia 27 de junho contra Donald Trump. A avaliação do eleitorado e do partido era que devido à idade avançada, 81 anos, Biden passava uma ideia de fragilidade. O presidente ainda resistiu quase um mês de pressões, mas acabou cometendo outras gafes, como trocar os nomes dos presidentes de Ucrânia e Rússia; os países estão em guerra desde 2022.
A permanência de Biden na disputa ficou ainda mais difícil após Donald Trump ser baleado em um comício na Pensilvânia no dia 13 e julho. Pesquisa realizada após o atentado indicava o ex-presidente ainda mais forte contra Biden.
Uma semana após Trump ser baleado, Biden deu lugar na disputa para Kamala Harris. Seis dias após o anúncio, a vice conseguiu mudar a maré que os democratas estavam.
Dia 1 – 21/7 – Desistência de Joe Biden
Após Biden abandonar a disputa, no domingo (21/7), e indicar Kamala como substituta, a vice-presidente agradeceu o apoio.
“Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua extraordinária liderança como presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Estou honrada em ter o endosso do presidente e minha intenção é ganhar e vencer esta nomeação”, escreveu Kamala nas redes sociais.
Na sequência, a vice-presidente publicou: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance para unir o Partido Democrata e unir a nossa nação para derrotar Donald Trump e a sua agenda extrema do Projeto 2025. Se você está comigo, adicione uma doação agora mesmo”.
Logo que recebeu o encargo de ser pré-candidata do Partido Democrata, Kamala Harris reuniu-se com sua equipe e já iniciou as 100 ligações que fez em 10h para nomes democratas como os governadores Gretchen Whitmer, de Michigan; JB Pritzker, de Illinois; e Josh Shapiro, da Pensilvânia. Também conversou com os líderes democratas do Congresso e o senador Bernie Sanders.
Ainda no domingo, quando foi feita a indicação de Kamala, Bill Clinton e Hillary Clinton apoiaram publicamente o nome da vice-presidente. Hillary, inclusive, afirmou: “Ela é talentosa, experiente e pronta para ser presidente. E sei que ela pode derrotar Donald Trump”.
Dia 2 – 22/7 – Primeiro discurso de Kamala como pré-candidata e recorde de doações
O primeiro indício de que os eleitores democratas apoiaram a escolha de Kamala para substituir Biden foi que, em 24h, a vice-presidente bateu recorde de arrecadação e recebeu US$ 81 milhões em doações para a campanha. Segundo a plataforma de doação ActBlue, quase 890 mil pessoas contribuíram com quantias de até US$ 200, cada.
Em seu primeiro discurso como pré-candidata pelo Partido Democrata ao comitê de campanha em Delaware, Kamala foi dura em suas acusações a Donald Trump e agradeceu Joe Biden.
“Essa campanha não é sobre ‘nós x Donald Trump’. Tem mais coisas nessa campanha. Nossa campanha é sobre dois tipos de visões sobre esse país. Um lado mira no futuro e outro mira no passado. Donald Trump quer levar nosso país ao passado, para o tempo que nossos americanos não tinham direito, mas, nós, acreditamos em um futuro brilhante, que tenha espaço para todos os americanos, em que nenhuma criança tenha que crescer na pobreza, onde todas as pessoas possam comprar uma casa, construir uma família e ter acesso a planos de saúde que possam pagar”, discursou a vice-presidente.
Dia 3 – 23/7 – Primeiro comício de Kamala Harris
Kamala chega a Wisconsin para realizar seu primeiro ato oficial de campanha como pré-candidata e carregou com ela, segundo o comitê, mais de 3.500 pessoas, número maior do que qualquer ato de campanha que Biden realizou durante toda a sua candidatura.
A vice-presidente mostrou que o tom da sua campanha será de duros ataques contra seu concorrente, Donald Trump.
“Antes de ser eleita vice-presidente, antes de eu ser eleita senadora, eu fui procuradora e lidei com predadores que abusam mulheres, empreendedores que abusam de consumidores e trapaceiros que quebram as regras para o seu próprio bem. Então, me escute quando eu digo: eu conheço o tipo de Donald Trump. Quando eu era uma procuradora recém-chegada, eu me especializei em abusos sexuais, e Donald Trump é um abusador”, afirmou Kamala.
Ainda no dia 23, a primeira pesquisa eleitoral com Kamala Harris pré-candidata, realizada pela Reuters/Ipsos, mostou a vice-presidente com 44% das intenções e Donald Trump com 42%. Ambos estão empatados na margem de erro, que é de 3 pontos.
A campanha presidencial de Kamala Harris consegue arrecadar mais de US$ 100 milhões (cerca de R$ 560 milhões).
A cantora pop Beyoncé permite que Kamala use a canção “Freedom” em sua campanha presidencial.
Dia 4 – 24/7 – Partido Democrata muda regras
Para agilizar a oficialização da candidatura da Kamala, o Partido Democrata adotou novas estratégias, como antecipar a nomeação oficial do candidato do partido, que seria no dia 19 de agosto, para o dia 1º do mesmo mês.
Foi divulgado o levantamento da CNN/SSRS, em que Donald Trump aparece com 49% das intenções entre eleitores registrados e Kamala com 46%, novo empate técnico. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Dia 5 – 25/7 – Primeiro vídeo de campanha é lançado
Kamala Harris lança o primeiro vídeo de campanha com imagens de Donald Trump toda vez que refere-se ao retrocesso e impunidade legal. O filme é narrado pela própria vice-presidente, onde ela defende a liberdade ao som da música “Freedom”, da artista pop Beyoncé.
A terceira pesquisa eleitoral feita com o nome da vice-presidente é divulgada. Realizada pelo New York Times/Siena College, a enquete aponta que Kamala Harris e Donald Trump estão, mais uma vez, empatados tecnicamente. O candidato republicano tem 48% das intenções de voto, enquanto a democrata possui 46%.
A pré-candidata usou sua conta no X, antigo Twitter, para cutucar Donald Trump sobre uma possível resistência dele em comparecer ao debate do dia 10 de setembro na emissora ABC.
Dia 6 – 26/7 – Kamala recebe o apoio de Barack Obama e Michelle Obama
Ex-presidente dos Estados Unidos e uma das maiores lideranças negras do mundo, Barack Obama declara apoio à Kamala Harris. Um vídeo divulgado pela campanha da candidata mostra Obama e sua esposa, Michelle, conversando com Kamala por telefone e declarando o apoio.
Obama acredita que Kamala será uma “excelente presidente” e que pode contar com “todo apoio” dele. Michelle afirma que “está muito orgulhosa” da vice-presidente.
Kamala Harris participa do episódio de RuPaul’s Drag Race All Stars, que vai ao ar nesta sexta-feira (25/7), no Paramount+, um programa muito popular entre a comunidade LGBTQIA+ e jovens norte-americanos.