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Kamala evita mídia tradicional para não dar munição a Trump

Estratégia política do republicano, que já teve um programa de televisão, é atrair os seus oponentes para os noticiários, apontam analistas

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A 59 dias de uma das eleições mais polarizadas da história dos Estados Unidos, a candidata democrata, Kamala Harris, busca afastar o republicano Donald Trump de sua rede de conforto: as manchetes polêmicas.

De acordo com analistas políticos norte-americanos, a estratégia política do ex-presidente dos EUA, que já teve um programa de televisão, é atrair os seus oponentes para a batalha dos noticiários na mídia tradicional.

Trump é conhecido por suas falas ofensivas contra os adversários que, ao se defenderem publicamente, garantem o que ele quer: permanecer nas manchetes dos jornais.

Porém, Kamala Harris subverteu a dinâmica trumpista ao se recusar a responder as ofensas proferidas por Trump ao reduzir o número de entrevistas para a mídia tradicional.

Analistas políticos dos EUA entendem que a substituição na disputa presidencial do presidente Joe Biden por Kamala desestabilizou a campanha de Trump, que segue se lamentando pela mudança.

“A presidência foi tirada de Joe Biden, e eu não sou fã de Biden, mas vou lhe dizer uma coisa. De um ponto de vista constitucional, de qualquer ponto de vista que você observe, eles tiraram a presidência dele. Eles o forçaram a sair. Foi um golpe. Nós tivemos um golpe. Esse foi o primeiro golpe da história do nosso país, e foi muito bem-sucedido”, afirmou Trump.

Quando o ex-presidente questionou a identidade racial de Kamala Harris, a democrata recusou-se a responder o comentário, inclusive quando foi questionada em entrevista à CNN, a única concedida pela candidata até agora.

O mesmo velho e cansado manual. Próxima pergunta, por favor”, disse a democrata. 

A estratégia de Kamala em evitar responder ataques pessoais vem se mostrando eficiente, considerando as pesquisas eleitorais. Desde de que Biden largou a disputa e Kamala assumiu, todas as pesquisas tem apontado para o mesmo cenário: a liderança nacional da vice presidente, apesar de ser por uma vantagem pequena.

Durante as semanas iniciais da campanha de Kamala, membros da imprensa norte-americana se juntaram ao coro de críticas puxado por Trump sobre a demora da vice presidente em conceder uma entrevista. Como resposta, Kamala disse “agora não” e criou sua própria estratégia eleitoral ao apresentar-se aos eleitores sem o filtro da mídia tradicional.

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Trump chama Obama de "desagradável" em resposta a provocação
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Novo uso das redes

Outra diferença relevante entre as campanhas é a utilização das redes sociais. Enquanto Trump e sua equipe utilizam as mídias sociais como espaço para comentários políticos e palco para ofender adversários, as redes de Kamala Harris são geridas por um grupo de jovens da geração Z que trazem as tendências da internet para dentro da campanha.

O perfil oficial da campanha, Kamala HQ, tem 1,3 milhão de seguidores no X e 4 milhões no TikTok. O perfil apresenta as pautas da candidata por meio dos memes mais famosos do momento, realizando inúmeros post por dia no X e no Tik Tok. A estratégia focada no eleitorado jovem, que tende a ser determinante nas eleições.

Historicamente, a participação eleitoral entre os jovens norte-americanos é baixa. Em 2016, cerca de 39% das pessoas entre 18 e 29 anos votaram na eleição presidencial, de acordo com uma estimativa do Center for Information & Research on Civic Learning and Engagement (Circle). Em 2020, esse número aumentou para 50%.

Já o ex-presidente Donald Trump mantém as postagens de seus perfis oficiais muito mais próximas do seu eleitorado tradicional, homens brancos de meia idade, com postagens usuais de sua campanha, além de comentários individuais.

Diferente da democrata, Trump costuma responder alguns dos seus eleitores pela rede Truth Social, o que cria uma sensação de proximidade com eles.

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