Julian Assange se declara culpado por espionagem e ganha liberdade
Tribunal norte-americano considerou que Julian Assange, fundador do Wikileaks, já cumpriu a pena após 14 anos de batalha legal
atualizado
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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, 52 anos, saiu como um homem livre de um tribunal no território insular de Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte, pertencente aos Estados Unidos. Em um acordo com a Justiça norte-americana, ele se declarou culpado de violar a lei de espionagem do país e, assim, pôde voltar para a casa dele, na Austrália.
Foram 14 anos de uma batalha legal, em que o jornalista se abrigou na Embaixada do Equador no Reino Unido durante sete anos e ainda ficou na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, enquanto os EUA tentavam extraditá-lo.
A juíza distrital dos EUA, Ramona Manglona, condenou-o a cinco anos e dois meses – o tempo que passou na prisão no Reino Unido, lutando contra a extradição para os EUA – e disse que estava livre para partir. “Com este pronunciamento, parece que você conseguirá sair deste tribunal como um homem livre”, afirmou a magistrada.
“Não consigo parar de chorar”, escreveu a esposa dele, Stella, na plataforma de mídia social X.
Autoridades norte-americanas estavam atrás dele por causa de uma divulgação maciça de arquivos secretos em 2010. O vazamento, segundo eles, colocou vidas em perigo.
Um dos vídeos divulgados pelo Wikileaks trazia as imagens de um helicóptero militar dos EUA que mostrava civis sendo mortos na capital iraquiana, Bagdá.
Julian Assange cita Primeira Emenda
Assange chegou ao tribunal na manhã desta quarta-feira (hora local), com uma equipe que incluía o embaixador da Austrália nos EUA, Kevin Rudd. Em frente à juíza, ele admitiu a acusação de conspiração para obter e divulgar informações de defesa nacional.
Afirmou que, ao publicar os arquivos confidenciais vazados em 2010, ele cumpria seu papel de jornalista e acreditava estar protegido pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que incluí a liberdade de imprensa.
Ele ainda enfrentou a acusação de estupro e agressão sexual na Suécia, em 2010. Negou, afirmando que se apresentasse à Justiça, os suecos o enviariam para os EUA. Em 2019, as acusações foram retiradas.
Após a sentença, Barry Pollack, advogado de Assange, afirmou que o trabalho do Wikileaks continuaria. E que Assange também seguiria sendo uma “força contínua” para a liberdade de expressão e transparência. “Ele é uma voz poderosa e uma voz que não pode e não deve ser silenciada.”