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Juíza recusa soltura de Marin, mas aceita transferi-lo de prisão

Ex-cartola da CBF pediu liberação para visitar esposa. Nesta quarta (22/8), Justiça dos EUA condenou-o a 4 anos de cadeia

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1 de 1 AgenciaBrasil210312_JFC6717 - Foto: José Cruz/Agência Brasil

A juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn, no Distrito Leste de Nova York, recusou o pedido feito nesta quarta-feira (22/8) por José Maria Marin para ser liberado da prisão nos Estados Unidos, em 6 de setembro, a fim de passar o dia com a sua esposa, Neusa. Na data, o casal completará 60 anos de união.

A magistrada negou a solicitação em audiência na qual expediu a sentença de 48 meses de prisão ao ex-dirigente de 86 anos, pelos crimes cometidos na época em que presidiu a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de 2012 a 2015.

Ao falar sobre Neusa Marin, a juíza ressaltou que “ela não o visitou nos 8 meses de prisão nos EUA, em momentos quando ele mais precisava”, assim como reprovou o fato de o ex-presidente da CBF ainda negar ter agido de forma errada enquanto dirigente máximo do futebol brasileiro.

Marin foi acusado de participar de um esquema de corrupção internacional que resultou no pagamento de US$ 154 milhões (cerca de R$ 614 milhões) em suborno envolvendo torneios como a Copa do Brasil, Copa América e Copa Libertadores. Ele já cumpriu 13 meses de detenção na Suíça e Estados Unidos e, por ter registrado bom comportamento, sua pena final, na prática, será reduzida para 28 meses de prisão nos EUA.

“Ele pediu desculpas. Mas seus atos, junto com a atuação de seus conspiradores, falam mais do que palavras. Eu ainda estou preocupada com a negação de seu comportamento e de que não fez nada de errado”, afirmou a magistrada.

Transferência autorizada
Ao mesmo tempo, porém, Pamela Chen não se opôs ao pedido da defesa do ex-dirigente para que ele seja transferido de uma prisão no Brooklyn para um complexo prisional de segurança mínima no estado da Pennsylvania, onde teria melhores condições para cumprir sua pena, sobretudo devido a problemas de saúde e pela sua idade avançada.

“A Justiça já concordou. Agora é uma questão de datas para a transferência”, afirmou Julio Barbosa, advogado de defesa de Marin, em frente à Corte Federal do Brooklyn.

Antes da sentença lida pela juíza, Marin chegou a chorar no tribunal, ao implorar pela sua soltura da prisão, para que pudesse passar o “resto do tempo da sua vida” com a família e compensá-la pelo transtorno causado por ele com sua prisão. “Eu estou muito doente, tenho manchas em todo o corpo. Já sou um homem sem futuro. A única coisa que me mantém vivo é a minha preocupação com minha esposa”, afirmou. “Eu imploro. Permita que este dia venha logo. Muito obrigado”, concluiu o ex-cartola da CBF.

Marin também adotou a vitimização de si próprio ao falar do período no qual foi presidente da CBF, cargo que ele herdou após a renúncia de Ricardo Teixeira, outro ex-dirigente acusado de envolvimento em escândalos de corrupção.

“Eu era o mais velho dos cinco vice-presidentes da CBF. Estava muito preocupado com o sucesso da Copa do Mundo [no Brasil]. Eu nunca fui do Comitê Executivo da Fifa”, disse Marin, tentando desvincular de forma desesperada a sua imagem da entidade máxima do futebol, da qual foi membro antes de estourar o escândalo de corrupção que o levou à prisão ao lado de outros ex-dirigentes de primeiro escalão.

Fortuna acumulada
Promotores de Nova York estimam que a fortuna de Marin seria de mais de R$ 54 milhões ao apontarem o uso de seu poder no futebol para enriquecer de forma ilícita. De acordo com os norte-americanos, os crimes cometidos pelo brasileiro causaram também perdas de US$ 154 milhões (cerca de R$ 600 milhões) na Copa América, na Copa Libertadores e na Copa do Brasil.

Ao falar sobre o patrimônio de Marin nesta quarta-feira (22/8), Charles Stilman, outro advogado de defesa do ex-dirigente, destacou que o seu cliente trabalhou muito e conseguiu comprar um apartamento em Nova York há algumas décadas, localizado na Trump Tower, cujo valor, segundo a defesa, é de US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 10 milhões, pela cotação atual).

“Há 30 anos, quando o imóvel foi adquirido, quem poderia imaginar que o edifício teria tanta notoriedade?”, questionou o defensor, tentando remeter o bem de alto padrão a um passado distante do ex-cartola, ao pedir para que a juíza não o punisse – mas não obteve sucesso.

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