Javier Milei questiona desaparecidos na ditadura e salário de mulheres
Em debate pela presidência da Argentina, candidato Javier Milei continuou com discurso de repúdio à política
atualizado
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As eleições para presidente na Argentina estão previstas para o dia 22 deste mês. E os debates televisionados começaram no domingo (2/10), tomado por tons mornos – o que facilitou o destaque do candidato extremista Javier Milei, 52 anos. Entre as afirmações feitas pelo candidato, estão o questionamento ao número de desaparecidos durante a ditadura argentina, a fala de que mulheres não ganham menos que homens no país e o repúdio à política.
Javier é conhecido por suas polêmicas e um posicionamento inclinado à extrema direita. No entanto, ainda que extremista, no debate ele se mostrou mais contido que o normal. O próximo debate está previsto para domingo (8/10).
A afirmação mais grave de Milei durante o debate foi a de que o número de desaparecidos na ditadura militar da Argentina é menor do que as estimativas das organizações de direitos humanos. “Não foram 30 mil desaparecidos, foram 8.753”, afirmou o candidato, sem negar que houve mortos pelo violento governo ditatorial de generais.
A ditadura argentina ocorreu durante o período de 1976 e 1983, e a própria instituição que compila os casos considera que o valor oficial é subestimado. O número oficial, compilado pelo Registro Unificado de Vítimas do Terrorismo de Estado, é de 8.631 mortos e desaparecidos. Entidades de Direitos Humanos, contudo, afirmam que há em torno de 30 mil desaparecidos.
A candidata da esquerda, Myriam Bregman, 51, foi a única a contestar as falas de Milei sobre a ditadura, e esse posicionamento se repetiu ao longo do debate, com ambos candidatos se engalfinhando. “Eu precisaria de quatro ou cinco horas para responder às barbaridades que ouvi”, rebateu a candidata. Ela reforçou o dado de que “são 30 mil e foi um genocídio”.
Milei e Bregman se afrontaram durante boa parte da noite. Milei chegou a afirmar que “a Argentina está em decadência por causa desta maldita casta política”. No que Bregman rebateu: “Milei é empregado de grandes empresários (…) Não é um leão, é um gatinho fofinho do poder econômico”.
Veja:
Debate na Argentina | Milei critica casta política e é rebatido por Myriam Bregman. “Não é um leão, é um gatinho do poder econômico”.
Candidata de esquerda afirmou que postulante libertário é “empregado de grandes empresários”.
(Tradução: @SamPancher) pic.twitter.com/TPvUqrxUwP
— Metrópoles (@Metropoles) October 2, 2023
Milei também negou que as mulheres ganhem menos que os homens na Argentina, em um embate posterior com Bregman. “Se fosse verdade, entraríamos nas empresas e só veríamos mulheres”, afirmou. Na ocasião, Bregman havia questionado se o candidato negava o patriarcado, sob a hipótese de ignorância e/ou machismo.
As mulheres argentinas têm que trabalhar 8 dias a mais para equiparar o salário ao de um homem no mesmo cargo, e a Argentina vive sua terceira grande crise econômica em 40 anos de democracia, e sustenta uma das maiores inflações do mundo.
Veja o momento
Javier Milei nega que mulheres ganhem menos que os homens na Argentina.
“Se fosse verdade, entraríamos nas empresas e só veríamos mulheres”, alegou o candidato libertário no debate presidencial. pic.twitter.com/cVptEX3OgW
— Metrópoles (@Metropoles) October 2, 2023
Sobre Javier Milei
Nascido em Buenos Aires e formado em economia pela Universidade de Belgrano, o autodeclarado “anarcocapitalista” pertence à coalizão política Liberdade Avança. O grupo, liderado pelo próprio Milei, defende tendências conservadoras em temáticas sociais e postura liberal em assuntos econômicos.
Entre suas propostas, está a ideia de fechar o Banco Central da Argentina – para essa ação, ele usa o termo “dinamitar”. Há, ainda, outras opiniões polêmicas de Milei. Admirador de políticos como Donald Trump e Jair Bolsonaro, o argentino defende a liberação de armas e acredita que o discurso de mudanças climáticas é uma farsa.
Filho de um empresário do transporte e de uma dona de casa, ele chegou a sofrer bullying em sua época de estudante. O político acusa os pais de serem violentos. Por isso, foi criado pela avó materna e pela irmã, Karina. Leia mais sobre quem ele é, aqui.